ATA DA QÜINQUAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA
TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM
02-8-2007.
Aos dois dias do mês de
agosto do ano de dois mil e sete, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e
quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos Vereadores Adeli
Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Guilherme Barbosa, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete
Moraes, Maria Celeste, Maristela
Maffei, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Professor Garcia e Sebastião Melo. Constatada a
existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu
Brasinha, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Dr. Raul, Elias Vidal, Haroldo de Souza, José Ismael Heinen, Luiz
Braz, Marcelo Danéris, Márcio Bins Ely, Maria Luiza, Mario Fraga, Maristela Meneghetti,
Sofia Cavedon, Valdir Caetano e Wilton Araújo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Comassetto, o
Pedido de Informação nº 118/07 (Processo 5222/07); pela Vereadora Clênia
Maranhão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 149/07 (Processo nº 4779/07); pela
Vereadora Maria Luiza, os Projetos de Lei do Legislativo nos 136 e
147/07 (Processos nos 4355 e 4661/07, respectivamente) e os Pedidos
de Informações nos 097, 098 e 099/07 (Processos nos 5246,
5253 e 5255/07, respectivamente). Também, foi apregoado o Ofício nº 646/07, do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 007/07 (Processo nº 4471/07). Do EXPEDIENTE,
constaram: Ofícios nos 691/07, do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre; 051, 079, 088 e 4027/07, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da
Saúde. Durante a Sessão,
constatada a existência de quórum deliberativo, foram aprovadas as Atas da
Qüinquagésima Quarta, Qüinquagésima Quinta, Qüinquagésima Sexta e Qüinquagésima
Sétima Sessões Ordinárias e da Décima Primeira Sessão Extraordinária. Após, a
Senhora Presidenta concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Jacqueline
Sanchotene, Coordenadora do Movimento Viva Gasômetro, que apresentou
reivindicações defendidas por esse Movimento, referentes ao Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre, destacando melhorias para
áreas próximas à Usina do Gasômetro. Ainda, salientou que propostas de derrubada
do Muro da Mauá e de revitalização do Cais do Porto já foram debatidas e aprovadas
em Audiências Públicas promovidas pelo Governo Municipal nos meses de maio e
junho do corrente. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os
Vereadores João Antonio Dib, Sebastião Melo, Elói Guimarães, Nereu D’Ávila, Adeli
Sell, Maristela Maffei, Clênia Maranhão e José Ismael Heinen manifestaram-se
acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Também, a Senhora Presidenta
convidou os presentes para Audiência Pública a ser realizada neste Legislativo
amanhã, a partir das dezenove horas, destinada
a debater o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre. Às
quatorze horas e cinqüenta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e nove minutos,
constatada a existência de quórum. A seguir, foi apregoado Requerimento de
autoria do Vereador Almerindo Filho, solicitando Licença para Tratamento de
Saúde no dia de hoje, e Requerimento de autoria do Vereador Dr. Goulart, Líder
da Bancada do PTB, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do Regimento,
Licença para Tratamento de Saúde para o Vereador Nilo Santos, no dia de hoje.
Na oportunidade, a Senhora Presidenta registrou o transcurso, hoje, do
aniversário da Vereadora Sofia Cavedon, procedendo à entrega, em nome da Mesa
Diretora, de um cartão de felicitações a Sua Excelência. Em GRANDE EXPEDIENTE,
o Vereador Professor Garcia discorreu sobre os XV Jogos Pan-Americanos Rio
2007, justificando que o Brasil demonstrou capacidade de sediar grandes
espetáculos, dando um exemplo de organização e demonstrando uma vocação efetiva
para a promoção de eventos esportivos. Igualmente, avaliou positivamente a
atuação dos atletas gaúchos nesses Jogos e solicitou medidas para valorização e
melhor aproveitamento do Centro Estadual de Treinamento Esportivo – CETE. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães afirmou que o País se encontra marcado
pela corrupção e pela tragédia, declarando que se observa uma perda de
parâmetros de conduta em todos os setores da sociedade brasileira. Ainda, sublinhou
que o acidente acontecido no Aeroporto Internacional de Congonhas, no mês de
julho do corrente, envolveu falhas humanas e estruturais, as quais foram maximizadas
por falta de fiscalização pelos órgãos responsáveis pelo tráfego aéreo. O Vereador
Adeli Sell alegou que os serviços públicos oferecidos aos porto-alegrenses não
correspondem às necessidades reais da população e, tecendo críticas à Empresa
Pública de Transporte e Circulação, relatou acidente de trânsito ocorrido hoje
na Cidade, envolvendo dois veículos do transporte coletivo de passageiros.
Também, questionou a gestão da Governadora Yeda Crusius, propugnando pela retomada
das obras de ampliação da Avenida Baltazar de Oliveira Garcia. O Vereador João
Antonio Dib posicionou-se contrário à proposta de derrubada do Muro da Mauá,
defendida pela Senhora Jacqueline Sanchotene, em Tribuna Popular, enfatizando
que essa obra possui como objetivo básico a prevenção de alagamentos quando de
enchentes do Lago Guaíba. Além disso, comentou projeto encaminhado a este
Legislativo pelo ex-Prefeito Telmo Thompson Flores, no ano de mil novecentos e
setenta e dois, para construção de elevada em área da Avenida Mauá. A Vereadora
Sofia Cavedon examinou dificuldades apresentadas pelo Abrigo Municipal Ingá
Brita, administrado
pela Fundação de Assistência Social e Cidadania, que acolhe adolescentes com vínculos
familiares fragilizados ou rompidos e que têm histórico de vida nas ruas. Sobre o assunto, sustentou que os
problemas dessa instituição vêm se agravando, em especial pela falta de
monitores nos turnos da tarde e da noite, solicitando medidas para relocação
dos adolescentes hoje ali assistidos. A Vereadora Maristela Maffei manifestou
seu apoio à proposta de aumento da licença-maternidade de quatro para seis
meses, em tramitação no Congresso Nacional, salientando que essa proposição vem
ao encontro do que é defendido pela sociedade Brasileira de Pediatria. Em relação
ao assunto, discorreu acerca dos benefícios às crianças pela presença materna
durante os primeiros meses de vida, em especial no que se refere à amamentação.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maristela Maffei, dando continuidade a seu
pronunciamento em Comunicações, procedeu à leitura de documento elaborado pela
Sociedade Brasileira de Pediatria, relativo aos direitos de gestantes e
lactantes, atualmente em vigor no Brasil. Nesse sentido, propôs a realização de
Audiência Pública nesta Casa sobre o tema, sugerindo a participação, nesse
evento, de Deputados Federais e Senadores envolvidos com a proposta analisada
por Sua Excelência. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Clênia Maranhão relatou sua
presença no Seminário “O Combate à Violência Começa em Casa”, registrando a
participação de diversas entidades governamentais e da sociedade civil nesse
evento. Em relação ao assunto, pronunciou-se sobre as discussões realizadas em
torno do tema da violência doméstica contra mulheres, em especial das ações
políticas desenvolvidas no País, no sentido de se proporcionar maior dignidade
às mulheres em seu espaço privado. A seguir, o Vereador Aldacir Oliboni
manifestou-se acerca da rescisão do contrato entre a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre e a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
– FAURGS –, relativo à prestação de serviços no Programa de Saúde da Família,
tendo o Vereador Luiz Braz questionado a regimentalidade dessa manifestação e a
Senhora Presidenta solicitado que o Vereador Aldacir Oliboni encaminhasse a
matéria por escrito. Também, a Vereadora Maristela Maffei manifestou-se,
registrando o transcurso, hoje, do aniversário da Escola União Criança, do
Grêmio Náutico União, informando que seriam entregues lembranças dessa entidade
à Senhora Presidenta e aos Vereadores integrantes da Comissão de Educação,
Cultura, Esporte e Juventude. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Alceu
Brasinha, chamando a atenção para a necessidade de retomada das obras de
ampliação da Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, cobrou da Governadora do
Estado a realização de audiência sobre o tema, solicitada por Vereadores desta
Casa. Nesse sentido, destacou os prejuízos causados pela paralisação desse
empreendimento a moradores e estabelecimentos comerciais da região. O Vereador
José Ismael Heinen, referindo-se ao pronunciamento do Vereador Alceu Brasinha
em Comunicação de Líder, asseverou que a paralisação das obras de ampliação da
Avenida Baltazar de Oliveira Garcia é uma questão suprapartidária e frisou que
esse empreendimento não foi devidamente planejado. Além disso, discorreu acerca
do aumento dos índices de criminalidade no Rio Grande do Sul, atribuindo esse
crescimento, principalmente, aos atuais níveis de desemprego. Em continuidade,
foram apregoados os Memorandos nos 222 e 223/07, firmados pela
Vereadora Maria Celeste, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, por
meio dos quais Sua Excelência informa as Representações Externas, respectivamente:
do Vereador Newton Braga Rosa, no dia seis de agosto do corrente, em
reunião-almoço da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica do
Rio Grande do Sul – ABINEE-RS –, a ser realizada no Restaurante Panorama da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS –, às doze horas;
da Vereadora Margarete Moraes, no dia sete de agosto do corrente, na solenidade
de posse dos coordenadores do Comitê Estadual Contra a Tortura no Rio Grande do
Sul, a ser realizada no Palácio do Ministério Público, às quatorze horas. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson recordou o acidente ocorrido no
Aeroporto Internacional de Congonhas, em São Paulo, no dia dezessete de julho
do corrente, enfatizando que tragédias como essa poderiam ser evitadas se
pessoas efetivamente preparadas ocupassem cargos da estrutura governamental.
Também, elogiou o desempenho do Governo Municipal, aplaudindo resultados obtidos
em termos de habitações populares, infra-estrutura e recuperação de praças e
parques. A seguir, a Senhora Presidenta declarou empossado na vereança o
Suplente Wilton Araújo, em substituição ao Vereador Nilo Santos, conforme
apregoado durante a presente Sessão, informando que Sua Excelência integrará a
Comissão de Constituição e Justiça. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João
Antonio Dib frisou que o Regimento da
Câmara Municipal de Porto Alegre deve ser acatado, debatendo a aplicação de seu
artigo 229, que trata do tempo para Comunicação de Líder. Dessa maneira,
afirmou que as solicitações para esses pronunciamentos, por parte dos Senhores
Vereadores, não estão de acordo com os termos regimentais e enfatizou
que os assuntos tratados em Comunicação de Líder devem ter caráter de urgência.
Na ocasião, a Senhora Presidenta prestou esclarecimentos sobre a posse, durante
a presente Sessão, do Vereador Wilton Araújo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Sebastião Melo discutiu a existência
de instalações clandestinas de energia elétrica em áreas de Porto Alegre cuja
situação fundiária ainda não foi regularizada, observando que esses espaços são
numerosos. Assim, avaliou que essas ligações apresentam alta periculosidade e
opinou que a Companhia Estadual de Energia Elétrica, juntamente com a
Prefeitura, deve providenciar a colocação de redes adequadas de energia
elétrica nesses locais. O Vereador Adeli Sell criticou o Executivo Municipal, apontando deficiências na fiscalização
dos veículos de transporte coletivo e indagou acerca da realização de vistoria
em ônibus envolvido em acidente ocorrido hoje em Porto Alegre. Da mesma forma,
assinalou falhas na manutenção das vias públicas, aludiu a decisões judiciais
não cumpridas pela Prefeitura e denunciou a utilização irregular de locais
públicos para veiculação de publicidade. O Vereador Luiz Braz justificou que as obras na Avenida Baltazar
de Oliveira Garcia ainda não foram concluídas porque o Governo anterior deixou
as finanças públicas do Estado em situação precária, afirmando que a Governadora
Yeda Crusius está tomando providências para resolver essa situação. Também,
defendeu que os pronunciamentos efetuados em Comunicação de Líder devem
respeitar as determinações regimentais. A Vereadora Clênia Maranhão referiu-se a melhorias realizadas no Centro
da Cidade pela Empresa Pública de Transporte e Circulação, lembrando que essa
Empresa obteve medalha de bronze no Prêmio Qualidade RS, promovido pelo
Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade. Igualmente, noticiou avanços nos
trabalhos de ampliação do Conduto Forçado Álvaro Chaves, ressaltando a
importância dessas obras para evitar alagamentos na Cidade. A seguir,
constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado
Requerimento verbal, formulado pela Vereadora Maria Celeste, solicitando
alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, nos
termos estabelecidos em reunião da Mesa Diretora com o Colégio de Líderes. Em
Discussão Geral e Votação, foi Aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº
212/06. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº
205/06, o qual, após ser discutido pelos Vereadores Claudio Sebenelo, João
Antonio Dib, Adeli Sell, Maristela Maffei, Bernardino Vendruscolo, Sofia Cavedon,
Sebastião Melo, Guilherme Barbosa, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Carlos
Comassetto, Luiz Braz, Dr. Goulart e Ervino Besson, teve a sua discussão adiada
por uma Sessão, a Requerimento formulado pela Vereadora Clênia Maranhão,
Requerimento esse que, após ser encaminhado à votação pela Vereadora Clênia
Maranhão, foi aprovado por dezenove votos SIM e um voto NÃO, em votação nominal
solicitada pelo Vereador João Antonio Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli
Sell, Alceu Brasinha, Claudio Sebenelo, Dr. Goulart, Dr. Raul, Elias Vidal,
Elói Guimarães, Ervino Besson, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, Luiz Braz,
Márcio Bins Ely, Maria Luiza, Mario Fraga, Maristela Maffei, Maristela
Meneghetti, Neuza Canabarro, Sofia Cavedon e Wilton Araújo e Não o Vereador
João Antonio Dib. Durante a
apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 205/06, a Vereadora Margarete Moraes
e o Vereador Márcio Bins Ely cederam seus tempos de discussão, respectivamente,
aos Vereadores Guilherme Barbosa e João Antonio Dib. Na ocasião, o Vereador Bernardino
Vendruscolo formulou Questões de Ordem acerca, respectivamente, das Emendas
apostas ao Projeto de Lei do Legislativo nº 205/06 e do número de Vereadores
registrado no painel luminoso do Sistema Eletrônico de Votações. Também, foi apregoada
a Emenda nº 02, de autoria do Vereador Dr. Goulart, Líder da Bancada do PTB, ao
Projeto de Lei do Legislativo nº 205/06 (Processo nº 4699/06), subscrita pelos
Vereadores Alceu Brasinha, Elói Guimarães, Bernardino Vendruscolo, Haroldo de
Souza, Nereu D'Avila, Dr. Raul e pela Vereadora Maria Luiza. Ainda, o Vereador
João Antonio Dib manifestou-se acerca do encaminhamento à votação do
Requerimento de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, anteriormente aprovado,
que adiou por uma Sessão a discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº
205/06. Em Votação, esteve o Requerimento nº 067/06. Na oportunidade, foi
votado Requerimento de autoria do Vereador Elias Vidal, solicitando o
adiamento, por uma sessão, da votação do Requerimento nº 067/06, em votação
nominal solicitada pela Vereadora Maria Celeste, o qual obteve sete votos SIM,
um voto NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Alceu
Brasinha, Dr. Raul, Elias Vidal, Elói Guimarães, Maria Luiza e Maristela
Meneghetti, Não o Vereador Haroldo de Souza e tendo optado pela Abstenção o
Vereador João Antonio Dib, votação esta
declarada nula pela Senhora Presidenta, em face da inexistência de quórum
deliberativo. Às dezoito horas e trinta e sete minutos, constatada a
inexistência de quórum deliberativo, a Senhora Presidenta declarou encerrados
os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da
próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelas
Vereadoras Maria Celeste, Maristela Meneghetti e Neuza Canabarro e
secretariados pelos Vereadores Alceu Brasinha e João Carlos Nedel. Do que eu,
Alceu Brasinha, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que,
após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Registramos a presença do ex-Vereador Carlos Rafael dos
Santos. (Palmas.)
Passamos à
A Srª Jacqueline Sanchotene,
representando o Movimento Viva Gasômetro, está com a palavra, pelo tempo
regimental de 10 minutos, para tratar de assunto relativo às reivindicações do
Movimento apresentadas e aprovadas em Audiência Pública do Plano Diretor.
A SRA. JACQUELINE SANCHOTENE: Boa-tarde, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, em primeiro lugar, nós, do Movimento, queremos agradecer pela cedência deste espaço. Confesso que não estou acostumada a
falar em público, então fico um pouco sem jeito.
O Movimento Viva Gasômetro surgiu da indignação
dos moradores do entorno do Gasômetro com o descaso do Poder Público em relação
ao Centro da Cidade.
A primeira ação de nosso Movimento aconteceu no
dia 16 de dezembro de 2006 e culminou com o Diálogos
na Praça, programa da SMAM, dia 11 de janeiro de 2007, na Praça Júlio Mesquita,
por muitos conhecida como a Praça do Aeromóvel; motivo
inicial de nossa luta. Em princípio, todas as reivindicações
do Movimento Viva Gasômetro para a Praça Júlio Mesquita foram aceitas; o
Poder Público trata agora de implantá-las.
Surgiu, então, a necessidade de ampliarmos a
nossa luta pela melhoria da qualidade de vida a outros locais do Centro da
Cidade. Vimos, na revisão do Plano Diretor, a oportunidade de sermos ouvidos.
Gostaríamos de contar com o apoio da população e dos Poderes Públicos para as
nossas reivindicações ao Plano Diretor, especialmente às que dizem respeito a
questões ambientais e culturais da Cidade. Pedimos a especial atenção para as
ações que estamos gestionando.
Nosso interesse se deve, entre outras coisas, a tentativas de melhorarmos a auto-estima dos moradores do
entorno do Gasômetro e, também, de despertarmos a consciência ecológica dos
cidadãos de nossa Cidade.
A Cidade, com suas ruas, praças e parques, é de
todos. Todos os cidadãos, moradores ou visitantes, têm o direito de usufruí-la
e também de preservá-la para que as gerações futuras tirem o melhor proveito do
que lhes será legado.
Cabe ao Poder Público, com a legitimidade do
mandato que lhe foi outorgado pela população, debater e agir em benefício de
todos nós. Não estamos solicitando coisas impossíveis; são ações relativamente
simples e racionais que visam a melhorar a qualidade de vida em nossa Cidade.
Nosso Movimento surgiu de maneira espontânea e
aberta a todos os que têm os mesmos objetivos que nós, sejam
ou não moradores da região onde inicialmente surgiu. Mesmo sendo constituído
por poucos abnegados que estão dispostos a dedicar
algumas horas do seu dia-a-dia para procurar soluções de problemas que são
comuns a todos, encontramos muitas dificuldades em agir, tanto de ordem
econômica, como, principalmente, pela inércia de nossa população. Não são
muitos os participantes do Movimento, mas, felizmente, somos cada vez em maior
número. Pessoas nos param na rua e perguntam sobre o Movimento, comentam nossas
ações, demonstram o seu apoio e simpatia, e isto nos dá a certeza de que
estamos no caminho certo. Este é o nosso maior estímulo, mas nós não nos
iludimos; conhecemos bem as dificuldades em tentar mudanças.
Somos pessoas de convicções, acreditamos que
para melhorar a nossa Cidade devemos iniciar pela mudança que é necessária
fazer nas mentes das pessoas. A Cidade, em síntese, reflete a população que
nela vive. Para melhorar a Cidade temos que melhorar a auto-estima e a
qualidade de vida de seus cidadãos.
Os senhores e senhoras desta Casa Legislativa
representam o pensamento de nossa gente, seus temores, suas necessidades e até
seus sonhos.
Os movimentos populares como o nosso têm o
objetivo de estimular alternativas, apresentar novas possibilidades, detectar
anseios e gritar em grupo, quando vozes isoladas não são ouvidas. Não queremos
privilégios para a região que defendemos: queremos e lutamos por mudanças, mas
que sejam para melhor, que não atendam apenas pequenos grupos, mas a grande
maioria de nossa população.
Os mais ilustres moradores de nossa Cidade
convivem com a miséria e a ignorância de muitos, que também
vivem aqui, sejam em casebres ou mesmo nas ruas. Dar melhores condições
para que essas pessoas possam ascender socioeconomicamente irá refletir na
melhoria da vida dos que já estão em patamares mais elevados. Isso significará
a diminuição da miséria, da ignorância e em sensível decréscimo da violência.
Nós acreditamos que o acesso à cultura, o
tratamento digno dos excluídos, a preservação dos patrimônios públicos e,
fundamentalmente, de nosso meio ambiente são nossas principais ferramentas para
construir uma Cidade melhor. Uma Cidade melhor para todos!
Por favor, sejam nossos parceiros, nos ajudem
nisso!
Agora, vou passar à leitura das 14
reivindicações apresentadas pelo nosso Movimento à revisão do Plano Diretor,
das quais somente duas foram aprovadas. Quero colocar que, para nós do
Movimento, não basta acreditar: nós queremos é fazer as coisas.
A primeira, aceita pelo Plano
Diretor, e a mais polêmica, foi a derrubada do muro da Mauá; a nossa posição é
para que em pleno século XXI nós tenhamos um meio de proteção à população mais
moderno e que permita usufruir aquela parte tão bonita da Cidade sem alguma
barreira. Nós temos ciência de que a contenção dos afluentes que formam o Lago
pode ser uma maneira de retirar o muro sem pôr em risco a
população.
A segunda reivindicação, apresentada pelo
Movimento e aceita pelo Plano Diretor, foi a
revitalização do Cais Mauá - eu acredito que não haja muita contestação, mas
nós gostaríamos que fosse feita de forma que a maior parte da população pudesse
usufruir, sem restrição à pessoa de menor renda.
Uma terceira reivindicação que nós apresentamos
ao Plano Diretor é a revitalização do Lago Guaíba, à qual também acredito não
haja contestação.
Outra reivindicação é a revitalização da Orla do
Guaíba.
A quinta reivindicação - quanto a esta eu faço
um apelo especial aos Srs. Vereadores - é a transferência da Vila Chocolatão, que há 21 anos existe, vergonhosamente, ao lado
desta Casa.
A sexta reivindicação é um pedido para a revisão
da construção da garagem do anexo do Theatro São
Pedro, porque hoje esta garagem está aterrando o prédio do Arquivo Público, um
dos prédios mais bonitos desta Cidade.
A sétima reivindicação é a reativação da
travessia de barcos entre Guaíba e Porto Alegre. Nós acreditamos que, além de
incentivar o turismo, essa reivindicação possa também colaborar com o
barateamento da passagem de ônibus entre Guaíba e Porto Alegre, que hoje é
muito cara.
A nossa oitava reivindicação ao Plano Diretor é
o aproveitamento da Usina do Gasômetro para ser sede da OSPA. Nós acreditamos
que nada mais significativo para a Orquestra Sinfônica, que é um símbolo do
nosso Município e do nosso Estado, do que um prédio que é o símbolo da cultura
da nossa Cidade.
A nossa nona reivindicação ao Plano Diretor é a
incorporação definitiva ao Parque Maurício Sirotsky
Sobrinho do campo de futebol que, foi-nos informado, hoje pertence à Câmara de
Vereadores.
A décima reivindicação: recuperação da escadaria
da Rua João Manoel. Essa escada, que é um patrimônio histórico, se encontra em
lamentável estado de degradação.
Décima primeira reivindicação: a reforma da
Praça General Osório, conhecida como “Praça Alto da Bronze”.
A nossa décima segunda reivindicação é a
viabilização do aeromóvel. Nós acreditamos, após 24
anos da sua implantação, que ele ainda é um projeto extremamente inovador, pois
não usa combustível fóssil nem biocombustível, que
pode fazer cair na coisa da monocultura.
A nossa décima terceira reivindicação é a
criação do Parque do Gasômetro. Este é um sonho nosso que vem do conhecimento
de um estudo da Secretaria Municipal do Planejamento, um estudo que prevê a
união da Praça Júlio Mesquita com a Praça Brigadeiro Sampaio e o Gasômetro,
aterrando, assim, a Av. João Goulart.
A nossa décima quarta reivindicação é a criação
do Largo do Gasômetro, que seria o aumento da calçada da Rua Gen.
Salustiano, a sua reconstituição histórica, bem como
a sua iluminação, porque ali está existindo um movimento cultural muito
interessante, de música, capitaneado pelo Grupo Central do Samba.
São estas as nossas reivindicações. Nós contamos
com o apoio desta Casa. Estas reivindicações não surgiram só
das pessoas do Movimento, mas de conversas com pessoas de toda a Cidade. Nós
acreditamos que as 14 reivindicações são interligadas e podem melhorar a
Cidade, não só para o pessoal do Centro, mas como um todo, e podem também
atrair muitos turistas. Era isto. Obrigada. Felicidade para todos. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Muito obrigada, Srª Jacqueline. Convido-a para compor a Mesa
dos trabalhos, pois as Bancadas irão se manifestar.
O Ver. João Antonio Dib
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Maria Celeste; cumprimentando a Srª
Jacqueline Sanchotene, Coordenadora do Movimento Viva
Gasômetro, quero dizer que o Partido Progressista fica contente em relação ao
relato feito e aos 14 itens aqui apresentados. Eu gostaria de comentar dois
deles. A reativação da travessia de barcos entre Guaíba e Porto Alegre não
depende do Município; evidentemente é o DEPRC, DAER que a concede, mas nós
podemos avalizar essa solicitação, que acho de fato muito interessante.
Agora, quanto à derrubada do Muro da Mauá, que
eu vejo aqui que foi aprovada na Audiência Pública do Plano Diretor, a essa eu
quero me manifestar absolutamente contrário. Não há soluções para substituí-lo.
O que eu desejo é que ele nunca seja necessário, mas, em 1983, quando fui
Prefeito, tive que mandar fechar os portões, porque o rio quase transbordou, e
nós não desejamos que ele transborde. O que eu acho é que ele tem até que ser
conservado, e não estão fazendo a conservação do Muro. Está abandonado, e acima
dele deveria estar a Elevada da Mauá. Isso não aconteceu em razão de
mal-entendidos aqui, na Casa do Povo de Porto Alegre, mas, de qualquer forma,
eu acho que o Muro deve permanecer. Se houver necessidade de abrir mais um
portão para facilitar o acesso ao Cais Mauá, dando aproveitamento pleno aos
armazéns que lá estão, eu acho que é válido; agora, a
demolição do Muro, eu acho que não. Mas, de qualquer forma, cumprimentos
reiterados pelo trabalho bem-feito, pela apresentação do material, que foi
razão da utilização da Tribuna Popular. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, nos termos do
art. 206 do Regimento.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta; prezada Srª Jacqueline Sanchotene,
que representa o Movimento Viva Gasômetro, primeiro, no mesmo diapasão do Ver. Dib, queremos cumprimentá-la pelas contribuições que traz à Casa. É evidente que o que a senhora falou na tribuna e
distribuiu para os Vereadores dá mais do que um seminário, então vou tentar fazer uma ementa do pensamento desta matéria.
Nós achamos que o Plano Diretor de uma cidade,
ao fim e ao cabo, é a Lei mais importante de uma cidade. A senhora trata da
questão do Centro, e sobre isso achamos que não se resume uma atitude; eu vou
começar pela maior rodoviária aberta do mundo, que está instalada na Av. Salgado Filho; vou passar pelo comércio informal, que é
uma questão de difícil solução num País que joga centenas de milhares de
pessoas na informalidade; vou passar pela construção dos shopping centers, que fizeram com que o Centro fosse abandonado;
vou falar do Programa Cais do Porto, Cais da Mauá. Eu vivo esta Cidade
intensamente desde 1978, 1979, e na primeira eleição que nós tivemos,
pós-ditadura, em 1985, eleição disputada pelo então candidato do meu Partido, o
Carrion, em cuja eleição saiu vitorioso o Collares, este tema foi muito presente naquela eleição, e
se repetiu em todas as eleições: vamos humanizar o Centro. Tivemos avanços,
tivemos recuos, tivemos questões pontuais. Os maiores equipamentos culturais de
Porto Alegre estão no Centro, nós temos um Bairro excepcional para viver.
Então, eu diria que, se depender da minha
opinião, esta Casa, ao revisar o Plano Diretor, deverá ter uma subcomissão
especial para tratar do Centro da Cidade, até porque eu não vou entrar no
mérito para dizer se está certo, se está errado; neste momento não tenho tempo
para discutir isso. O Governo do Estado acaba de lançar aí um sistema em que a
iniciativa privada vai produzir um edital; há contestações sobre isso. A
verdade é que não há recursos públicos para tratar disso. O certo é que nós
temos que reencontrar o rio com a Cidade, mas preservando, evidentemente, as
questões históricas. Mas também nenhum investidor privado vai investir sem ter
retorno. Eu acho que nós temos que ter essa capacidade de equilíbrio.
Então, a senhora colocou aqui outros
temas, enfim. Mas parabéns pela sua vinda à Câmara, e com certeza isso vai
servir enormemente. Acho que não em nome da Presidenta, que ela vai fazer isso,
mas amanhã haverá uma Audiência Pública aqui sobre o Plano Diretor, e,
evidentemente, a sua contribuição será bem-vinda. Saúde.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, nos termos do art.
206 do Regimento.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Presidenta
Maria Celeste, queremos saudar a Srª Jacqueline Sanchotene,
Coordenadora do Movimento Viva Gasômetro, inicialmente pelas palavras
proferidas da tribuna e por todo empenho que a sua entidade vem fazendo na
defesa desse complexo magnífico, que é a Usina do Gasômetro, através do
Movimento Viva Gasômetro, que incorpora também o rio e a península; ali,
exatamente, situa-se a ponta da península.
Quero dizer que nós devemos enfrentar, neste
ano, a Lei do Plano Diretor, inquestionavelmente o instrumento mais vigoroso,
mais importante para o interesse generalizado da cidade de Porto Alegre. Então
essas questões trazidas por V. Sa. estão bem expostas aqui, de uma forma
coordenada. O Movimento Viva Gasômetro deverá fornecer os subsídios necessários
às discussões que vão se produzir no seio da Comissão Especial, que vai
examinar o Plano Diretor e, em especial, a decisão da Casa.
Então, são subsídios importantes, muitos deles
polêmicos, como a questão do muro, trazida aqui pelo Ver. João Antonio Dib, que é uma questão polêmica, contraditória e etc.
Mas, de qualquer forma, é uma contribuição que a
senhora já antecipa aos grandes debates decisivos, porque, até então, o que se
produziu? Produziu-se o material que deverá vir à
Casa, em última análise, em nome da Cidade, com a participação do seu povo é
que vão ser decididos exatamente os parâmetros e limites para a concepção de
uma cidade que todos queremos: ecológica, uma cidade que propicie a própria
vida dos seus moradores. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra, nos termos do art. 206 do
Regimento.
O SR. NEREU D’AVILA: Srª Presidente,
Verª Maria Celeste; ilustríssima Srª Jacqueline Sanchotene,
Coordenadora do Movimento Viva Gasômetro, queremos, inicialmente, em nome da
Bancada do PDT, cumprimentar a presença da nossa nobre munícipe que está
conosco na Câmara, na Tribuna Popular, que é, realmente, popular. E quero dizer
que nós nos regozijamos, nós da Bancada do PDT, sempre que surgem movimentos
reivindicatórios, ONGs que são organizados pela livre
vontade da comunidade. Isso é muito importante para que haja palpitação em toda
Cidade, regionalizando, evidentemente, as
reivindicações, porque ninguém melhor do que quem mora na aldeia para conhecer
“os caboclos e os problemas dos caboclos", como diz o ditado popular.
Queria dizer a V. Sª, também, que a Comissão que
irá se instalar, dentro em breve, também terá o máximo prazer e fará questão
que todas essas referências e problemas da Cidade também sejam discutidos aqui
para decisão.
Quero referir duas coisas importantes, agora,
para que V. Sa. também conheça: aqui, pelo carimbo das reivindicações, há duas
que dizem: “aprovado”, Audiência Pública do PDDUA. Eu quero dizer que são
importantes as audiências, mas não quer dizer que já
estão aprovadas; quem aprovará, finalmente, é o conjunto dos 36 Vereadores.
E também queria informar, até usando a brilhante
presença de V. Sa., porque eu tenho certeza de que a maioria da Cidade
desconhece, ou ainda não conheceu, até há Vereadores que desconhecem que há uma
Lei, aqui está, Lei nº 7.963, foi discutida durante
dois anos, de 1995 até 1997, quando foi promulgada, em 13 de janeiro de 1997. O
que diz esta Lei? “Autoriza o Poder Executivo a demolir o Muro da Mauá e dá
outras providências”. É Lei! É Lei aprovada por esta Casa. O que diz o art. 1º?
“Fica autorizado o Poder Executivo a demolir o Muro da Mauá. Parágrafo único: A
demolição referida no caput deste artigo só será efetivada após a
implantação de um outro sistema de proteção contra as cheias do rio Guaíba”. O
Projeto foi de minha autoria, aprovado por esta Casa; a Lei foi de autoria de
todos os Vereadores. E o Ver. Dib, que é um técnico,
é um engenheiro, sabe, como nós sabemos, que só
podemos demolir o Muro se houver um outro sistema de proteção, que não é só
aqui no Muro da Mauá. Começa lá no Bairro Humaitá e vai até a ponta do antigo
Estaleiro Só. Então, é um sistema de proteção, e não foi só em 1941, não,
quando da enchente; houve outras, e há que se proteger. Mas acho também - e por
isso entrei com essa iniciativa - que o Poder Executivo, politicamente, a
qualquer momento, está autorizado a fazer essa demolição, desde que obedeça à
Lei; que haja um outro sistema.
Só para concluir, Srª
Presidenta, pela importância do assunto e pela importância da presença; também
é necessário se dizer que no Governo Estadual do Governador Britto foram
feitas, por escritórios de engenharia e arquitetura, os mais importantes desta
Cidade, três propostas, e uma ficou, finalmente, vencedora, aquela que criava
um muro móvel, e isso também muitos porto-alegrenses não lembram, ou ainda
desconhecem; um muro móvel seria também uma alternativa, porque aí, além de a
Cidade ser entregue aos seus moradores, seria derrubado o muro que,
esteticamente, é comprometedor, porque todas as cidades que têm rio ou mar, no
mundo, aproveitam os seus rios, e não se escondem dele aconteceu com a
construção do Muro da Mauá. Então, há esta proposta também de um famoso
escritório de arquitetura e engenharia, desta Cidade. É claro, isso inclui
verbas vultosas, mas evidentemente que com uma Parceria Público-Privada, com
investimento e com o apoio da população poderia ser uma alternativa.
Dou essas informações a V. Sa., porque são
importantes e porque muitos a desconhecem. A própria imprensa, quando fala em
demolição do Muro da Mauá, não sabe que é só uma vontade política; a Lei já
existe.
Agradeço pela tolerância da ilustre Presidenta,
mas o assunto realmente é muito importante. Parabéns a V. Sª pelo uso da
tribuna, e conte conosco para qualquer problema em que possamos auxiliá-la.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Obrigada, Ver. Nereu.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra, nos termos do art. 206 do
Regimento.
O SR. ADELI SELL: A nossa
saudação à Jacqueline, à Mara, ao César e aos demais membros do Movimento Viva
Gasômetro; parabéns pelo material produzido e pela sua fala, Jacqueline. A
nossa Bancada apenas queria alertar que as Audiências Públicas realizadas
acerca do Plano Diretor foram muito conturbadas, problematizadas, e o próprio
Ministério Público as questiona. Portanto, o que virá para cá nem nós,
Vereadores, sabemos, e a população também ainda não sabe. Nós não sabemos qual
será, efetivamente, o texto legal que virá para a Câmara, mas aqui nesta Casa,
a partir de amanhã à noite, às 19 horas, o Movimento Viva Gasômetro, a
sociedade civil de Porto Alegre, poderá dialogar com os Vereadores, com a
Câmara Municipal; e também sábado de manhã, lá na Região de Planejamento 2, na
ETE do DMAE. Portanto, nós teremos grandes possibilidades de diálogo, e nós
queremos continuar discutindo o que efetivamente tem que entrar na questão da
revisão do Plano Diretor. Os nove Vereadores e Vereadoras da Bancada do Partido
dos Trabalhadores, em seus gabinetes, na sua Bancada, nas reuniões com as
comunidades, nas buscas que a comunidade fizer, estarão presentes para tratar
de um Plano Diretor ousado, dinâmico, que traga desenvolvimento com sustentabilidade, e que se possa discutir circulação e
transporte, porque temos muitos gargalos, e que a gente projete a Porto Alegre do futuro com uma vida digna para todos,
sejam aqueles que moram no Centro, aqueles que estão na Macrozona
1, como também aqueles que estão na periferia, que ainda não tiveram a sua
regularização fundiária resolvida, porque esta revisão que o Executivo
apresentou, até o momento, é por demais tacanha, e nós precisamos ter a
grandeza de buscar uma verdadeira revolução em Porto Alegre para garantir a dignidade
do nosso povo. Muito obrigado. Falei em nome da Bancada do Partido dos
Trabalhadores.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Verª Maristela Maffei está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Prezada
Jacqueline, Coordenadora do Movimento Viva Gasômetro, quero dizer que é uma
alegria recebê-la na Casa do Povo, e nós, do PCdoB,
consideramos extremamente importante a mobilização, a organização da sociedade,
cuidando da sua parte e, ao mesmo tempo, vendo a Cidade como um todo. Nós,
inclusive, preocupados com essa questão da revisão do Plano Diretor, sabendo
também que está vindo um Projeto específico da região da
Lomba do Pinheiro, estamos bastante preocupados que esta Comissão tome a medida
de trazê-lo e incluí-lo no Plano Diretor, porque eu acho que pode qualificar um
Projeto que é mais periférico, mas que não está à parte da cidade de
Porto Alegre. É um trabalho qualificado, mas tem que se integrar aqui.
Então, esta é a minha opinião até como moradora
daquela região. Mas quero dizer que, além da Comissão Especial, que terá 12
Vereadores, nós também teremos grupos temáticos, o que vai ser fundamental,
pois vai incluir todos os Vereadores desta Casa. E nós estamos preocupados,
sim! E, no fim desta fala, quero dizer que, particularmente o PCdoB, não considera, e não tirando o mérito das
instituições sérias que estiveram nessa pseudoaudiência
que houve aqui em Porto Alegre, mas que, na grande maioria, nós sabemos
exatamente o que aconteceu, e nós não podemos tolerar, a sociedade de Porto
Alegre não pode aceitar como um exemplo o que aconteceu nas Audiências
Públicas. Portanto, a medida que a Câmara está
tomando, no sentido da aproximação e do que vai ser feito, sistematizado nesta
casa, com movimentos dignos, como é o de V. Sa., vai, sim, dignificar e trazer
um Plano Diretor em que nós acreditamos, e, com esta mobilização, possamos
reverter o quadro até então colocado. Portanto, a nossa Bancada já está com a
Arquiteta Elena Graeff, que
é funcionária da SPM, lotada no nosso gabinete, à disposição, para
contribuir tanto com esta Casa como também com os anseios da sociedade de Porto
Alegre. Muito Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Verª Clênia Maranhão está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª
Presidenta, Senhoras Vereadoras, Srs. Vereadores, em nome da minha Bancada, o
PPS, em meu nome, em nome do Ver. Professor Garcia, do Ver. Elias Vidal, queremos saudar a presença dos militantes da ONG Viva
Gasômetro e saudar, de uma forma muito especial, a sua Presidente, a militante
cultural na nossa Cidade, protagonista de várias ações do nosso cinema, que
incorpora à sua biografia uma luta fundamental, que é a luta da Cidade.
Eu queria parabenizar,
inclusive, a atuação que a sua entidade teve nas rodadas de discussões que o
Executivo de Porto Alegre, a Prefeitura de Porto Alegre fez com a cidade de
Porto Alegre, discutindo o Plano Diretor. Acompanhando e comparando, percebo a
incorporação de várias sugestões que a sua entidade fez naquele processo de
debates da Cidade. Digo que é muito importante, que
vocês tenham vindo na tarde de hoje, porque esta semana a Câmara faz uma nova
rodada de discussão com a sociedade, também sobre o Plano Diretor, e se
seguirão, evidentemente, muitos outros debates. Acho que vocês estão
absolutamente inseridos num tema com que a população de Porto Alegre está
extremamente preocupada, porque, como já falaram outros Vereadores que me
antecederam, é a legislação mais importante da Cidade. Eu queria inclusive
dizer que li o material que foi distribuído, com muita
atenção, e percebi que algumas das questões estão absolutamente em sintonia com
as políticas públicas que estão sendo encaminhadas em Porto Alegre, como o
ponto número um, que trata da reivindicação para revitalização do Lago
Guaíba. A Prefeitura de Porto Alegre, hoje, tem o seu maior projeto, com
aproximadamente 160 milhões de dólares, que vai aumentar de 27% para 77% a área
de saneamento da nossa Cidade. Acho que é exatamente uma reivindicação da
sociedade que foi incorporada pelo Governo e que é uma demanda da sua entidade.
Eu queria dizer, também, que li com muita
atenção o conjunto das propostas; acho que estão sendo hoje pauta de discussão
em vários outros itens. Também quero dizer que uma das reivindicações, a de
número sete, que vocês apresentaram, foi palco de discussão na Câmara quando
nós aprovamos a questão da sede da OSPA. Portanto, mesmo sem termos ouvido
ainda institucionalmente a Entidade Viva Gasômetro, a Câmara está com umas
preocupações similares.
Por fim, quero parabenizar,
porque eu acho que a organização da sociedade é um instrumento decisivo na
aceleração e na implantação de políticas públicas. Portanto parabenizo
todo o trabalho que vocês têm feito, e quero também tomar a liberdade de dizer
que navego no blog de vocês e o recomendo,
porque, realmente, é um blog extremamente
competente e de muita responsabilidade social. Parabéns.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. José Ismael Heinen está com
a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exma Srª Presidenta, Verª Maria Celeste, quero parabenizar e cumprimentar a Srª Jacqueline Sanchotene, Coordenadora do Movimento Viva Gasômetro.
Escutei com atenção, analisei o material gráfico muito bem-feito. Quero parabenizar a questão da união da
comunidade, das aspirações da comunidade, do sonho desta comunidade, e eu tenho
certeza de que este sonho, esta fantasia impera em qualquer bairro de Porto
Alegre, em qualquer espaço de Porto Alegre que a Cidade hoje vive. Não chego
naquele prognóstico que V. Exª coloca, do descaso que essa parte da Cidade está
tendo. Coloco as dificuldades das últimas décadas em podermos realizar as
aspirações do povo para a sua comunidade. Porto Alegre, esta fantasia
maravilhosa, com um potencial gigantesco, principalmente para o turismo, para
estas comodidades que aqui foram colocadas, como o nosso Cais da Mauá, é
inadmissível que nós tenhamos um cais da maneira como ele está. Então, eu
quero, em nome do Democratas, parabenizar
o esforço, o entendimento daquilo que é a necessidade do bairro, das suas
aspirações. Eu falei “uma fantasia”, mas, no bom sentido, pois assim se começam
a realizar as coisas. E eu quero parabenizar o slogan
do Movimento Viva Gasômetro: “Não basta acreditar, tem que fazer”. Eu tenho
uma máxima, também: “Todo planejamento é bom, todo planejamento é viável, desde
que seja realizado”. Parabéns; conte com o nosso apoio. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Não havendo mais Bancadas inscritas, agradecemos a
participação da Srª Jacqueline Sanchotene, reiterando
o convite já realizado pelas diversas Bancadas nas suas manifestações, para,
amanhã à noite, às 19 horas, estarmos realizando nesta Casa a primeira reunião
pública que discutirá o Plano Diretor como um todo para a cidade de Porto
Alegre, especificamente dará conta da região do Centro, a região do seu
Movimento. Seja muito bem-vinda à Casa, muito obrigada
por estar na Tribuna Popular, e reiteramos o convite para amanhã. Obrigada.
Estão suspensos os trabalhos por um minuto, para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h58min.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste - às 14h59min): Estão reabertos os trabalhos.
Apregoamos a solicitação de Licença para
Tratamento de Saúde do Ver. Almerindo Filho no período de 2 de agosto de 2007,
sem solicitação de substituição.
Apregoamos a solicitação de Licença para
Tratamento de Saúde do Ver. Nilo Santos no período de 2 de agosto de 2007, sem
solicitação de substituição.
Gostaríamos, também, em nome da Presidência e da
Mesa Diretora desta Casa e dos demais Vereadores, parabenizar
a Verª Sofia Cavedon pelo
seu aniversário no dia de hoje e passar para V. Exª o cartão de aniversário da
nossa Casa.
(É feita a entrega do cartão de aniversário à Verª Sofia Cavedon.)
Passamos ao
A Verª Maristela Meneghetti transpõe seu tempo com o Ver. Nereu D’Avila, que cede o seu
tempo ao Ver. Professor Garcia. O Ver. Professor Garcia está com a palavra em
Grande Expediente.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Srª
Presidenta, Maria Celeste; Sras Vereadoras,
Srs. Vereadores, eu quero agradecer ao Ver. Nereu D’Avila por ter cedido o seu espaço para que hoje eu
utilizasse este tempo do Grande Expediente para poder falar dos Jogos
Pan-Americanos, que terminaram na semana passada, no Rio de Janeiro. E gostaria
de dizer que, sem sombra de dúvida, esse foi um grande evento que o Brasil pôde
proporcionar e mostrar a capacidade do povo brasileiro em promover e realizar
grandes espetáculos. O Brasil mostrou que tem condições, sim, de sediar uma
Copa do Mundo e uma Olimpíada. O que nós pudemos presenciar ao longo do tempo -
e ficamos lá todo o período, desde a sua abertura até o seu encerramento - foi
que despertou e muito na população do Brasil uma vocação para a prática
esportiva. Mas, ao mesmo tempo, nos chamou a atenção o espírito de brasilidade
desenvolvido ao longo daqueles dias por parte da população. Em todos os locais
de competição em que estivemos, presenciamos,
primeiro: não uma figura isolada, assistindo; presenciamos a presença da
família: era o pai, a mãe, o filho, os avós, juntos, ou seja, toda a família
comparecendo aos locais, muitas vezes não entendendo bem o desenvolvimento
daquela modalidade esportiva, mas, cada vez que um brasileiro fazia uma
atuação, havia um coro unânime dizendo “Sou brasileiro, com muito orgulho”!
Então, eu acho que isso foi marcante, mostrando que, naqueles dias, o País pôde
esquecer um pouco das suas mazelas. Infelizmente, durante o período da
realização do Pan, ocorreu o trágico acidente aéreo
da TAM, em São Paulo, que também levou toda uma comoção desde a Vila
Pan-Americana... Em todos os locais de competições bandeiras a meio-mastro,
todos os atletas com uma tarja preta, mostrando também a questão da
solidariedade do povo brasileiro para com os seus entes queridos.
Quero falar em especial da atuação dos atletas
do Rio Grande do Sul. Foram 54 atletas participantes do Pan,
com um total de 32 medalhas: 16 de ouro, nove de prata e sete de bronze,
mostrando que o nosso Estado, sem sombra de dúvida, é um dos grandes celeiros
de desenvolvimento do esporte no País. No remo, por exemplo, tivemos o Anderson
Nocetti, que foi prata no Oito Com e bronze no Dois Sem; o Nilton Alonço, prata no Oito Com; o Marcelus
Marcili da Silva, prata no Oito Com e bronze no Single Skiff; o Allan Bittencourt, prata no Oito Com e bronze no Dois Sem; e o
Leandro Tozzo, prata no Oito
Com. Quero aproveitar e parabenizar os atletas, todos
do Grêmio Náutico União; o treinador Piá, que estava lá, mas não era o técnico
da Seleção Brasileira. A grande maioria dos remadores que representaram o
Brasil era do Grêmio Náutico União.
É importante também salientar que, no voleibol
masculino - poucas pessoas sabem -, três dos atletas da seleção que ganhou o
ouro no Pan são gaúchos: o Murilo e o Gustavo Endres, de Passo Fundo, e o André Heller. Tivemos também,
no voleibol feminino, que ganhou medalha de prata, a jogadora Carolina
Albuquerque, que não joga aqui, mas é gaúcha.
No judô, tivemos a participação brilhante dos
atletas da Sociedade Ginástica Porto Alegre: João Derly,
confirmando a expectativa de medalha de ouro no Pan,
já que havia ganho, em 2005, o Campeonato Mundial; a Mayra Aguiar, prata no judô, uma menina de 15 anos, que,
sem sobra de dúvidas, é uma das grandes revelações, com chance de ganhar
medalha na próxima Olimpíada. E o Tiago Camillo, que
não é gaúcho, mas compete hoje também pela SOGIPA, que foi ouro no Judô. E no
Judô, sim, o técnico, o Antônio Carlos Pereira, o Kiko,
é um técnico da SOGIPA e foi técnico da Seleção Brasileira.
Tivemos também na Ginástica a participação, com
duas medalhas, uma de ouro e uma de prata, do Mosiah
Rodrigues; e uma prata, por equipe, da Daiane dos
Santos, que, como todos nós vimos, estava lesionada
e não competiu no final do Pan, porque no próximo mês
- e esperamos que isso ocorra, que ela tenha um pronto restabelecimento -, há
uma competição mais importante para ela - talvez na dimensão do povo brasileiro
não - que é o Campeonato Mundial de Ginástica Artística.
E o técnico da Seleção Brasileira, também um
técnico aqui do Rio Grande do Sul, do Grêmio Náutico União, o Leonardo Finco.
Tivemos também a participação expressiva de dois
atletas, o Peçanha e a outra menina, que uma ganhou os três mil com obstáculo,
e o Peçanha foi bronze nos oitocentos; e o técnico Jorge Peçanha, pai do
Fabiano Peçanha, todos eles hoje atuando em Santa Cruz.
Tivemos também a participação de João Souza,
bronze na Esgrima; do Marcel Stürmer, de Lajeado,
ouro na Patinação Artística, bicampeão Pan-Americano; o Edson Silva, ouro e
bronze na Canoagem; e o nosso Alexandre Paradeda,
aqui do Jangadeiros, ganhou ouro na Vela Snipe.
Isso mostra o grande potencial do País em
promover a questão do desenvolvimento do esporte... O Brasil deu um salto muito
grande em número de medalhas - até então tinha 29, indo para mais de 50
medalhas, e claro que o fator local pesa -, mostrando que esse crescimento não
foi por acaso, houve investimentos nos últimos anos, desenvolvidos tanto por
parte do Governo Federal como de empresas privadas que acreditaram na questão
da movimentação do esporte.
E, para os senhores terem uma idéia, hoje o
esporte representa mais de 3% do PIB nacional, mostrando que não é por acaso
que no Rio de Janeiro havia mais de 650 mil pessoas para assistir aos jogos,
mostrando que essa é uma rede que traz toda uma questão de desenvolvimento, uma
arrecadação fantástica. No Rio de Janeiro falava-se que só com o turismo
esperava-se uma arrecadação acima de dois bilhões de reais, e os Vereadores
sabem que dois bilhões e seiscentos e setenta e cinco milhões de reais é o
Orçamento de Porto Alegre. Então, Ver. Dib, imagine o senhor que, só com a questão do turismo nos
jogos, em menos de 15 dias, houve um movimento financeiro superior ou próximo
da questão orçamentária do nosso Município.
E, para finalizar, eu só quero, de forma
fraterna, colocar aqui que, ao retornar ao Rio Grande do Sul, me deparo -
aquilo que eu já havia falado antes - com o nosso CETE, o Centro Estadual de
Treinamento Esportivo, que foi o grande celeiro de atletas do Rio Grande do
Sul, de onde saíram Daiane, Paulão e
Marcus Vinícius, que era o chefe da Delegação Brasileira no PAN. E o CETE está
abandonado. Quando dissemos que queriam fechá-lo, disseram que era uma atitude
política deste Vereador; mas ontem, novamente, saiu uma página inteira em um
jornal mostrando que, realmente, alguma coisa está ocorrendo. Nós esperamos que
a Governadora tome, com urgência, uma decisão, porque nós não podemos aceitar,
justamente no momento em que o Rio Grande do Sul mostra a sua pujança, que
aquele local, que é o maior local de práticas esportivas, de políticas públicas
do nosso Estado, esteja abandonado e relegado.
Então, nós esperamos que, o quanto antes, o CETE
possa novamente mostrar o seu valor; nós esperamos que isso possa ser retomado;
mas, enquanto não for, este Vereador vai falar aqui
tantas vezes quantas forem necessárias. Obrigado, Srª
Presidenta.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Verª Maristela Meneghetti está
com a palavra em Grande Expediente. (Pausa.)
Passamos às
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, nós temos aí uma pauta que, evidentemente, não gostaríamos de
nos referir, mas é, por assim dizer, a pauta assentada em duas situações
lamentáveis: tragédia e corrupção. Não poderia viver o País momento mais
infeliz do que estamos vivendo, com todos os acontecimentos nesta agenda
trágica onde todos somos responsáveis,
inquestionavelmente. Evidentemente, atribuem-se a determinadas áreas maiores
responsabilidades.
Na questão lamentável que enlutou o País e que
enlutará por anos o nosso Estado, tivemos perdas lamentáveis, dado que o
trágico vôo partiu do Aeroporto Salgado Filho, do nosso Estado, com amigos,
amigas, enfim, pessoas dos mais diferentes setores, que terminaram tombando
tragicamente nesse lamentável acontecimento.
Nós todos podemos atribuir ao fatalismo muitas
coisas; é verdade! Mas tudo tem uma causa. Foi uma causa que determinou essa
tragédia - causa humana, causa técnica, enfim, existem causas. Ora, temos que
admitir que o crescimento da demanda no Aeroporto de Congonhas é uma causa
indiscutível. O grande volume de aeronaves, a chuva, a questão da pista
molhada, problemas técnicos envolvendo o avião são outras causas.
Então, na melhor das hipóteses, há omissão de
todos nós, há omissão das autoridades, na medida em que não fiscalizam as
condições do transporte aéreo. Enfim, há todo um processo rebaixado, do ponto
de vista da fiscalização. Os costumes, as práticas e todo o processo fiscalizatório estão absolutamente frouxos no nosso País. A
autoridade é frouxa. A autoridade perdeu a autoridade!
A questão da corrupção é outro assunto que
também está dentro deste processo lamentável, onde perdemos os referenciais,
perdemos os parâmetros, e o País soçobra, do ponto de vista desses lamentáveis
acontecimentos, à tragédia e à corrupção. Soçobra esta grande Nação, com
possibilidades imensas, com um povo que cumpre com as suas obrigações.
Então, por tudo isso, é lamentável ter de
examinar, evidentemente, sem a profundidade que se pretenderia, dado o tempo,
toda essa problemática que nos infelicita hoje, que infelicita a Nação e nos
coloca no pior momento do nosso País. Não há, na história brasileira, um
momento tão trágico, sob qualquer aspecto, senão este que
estamos vivendo, quando a corrupção tomou conta de todos os setores, e a
tragédia parece que pretende nos engolir a todos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Adeli Sell
está com a palavra em Comunicações, por cedência de
tempo da Verª Maristela Maffei.
O SR. ADELI SELL: Minha cara
Presidenta, Maria Celeste; colegas Vereadores e Vereadoras, nós queremos trazer
aqui algumas preocupações sobre o cotidiano desta Cidade. Verª
Margarete Moraes, veja o que está acontecendo com
Porto Alegre: hoje, pela manhã, um ônibus sem freio bateu noutro na Av. Protásio Alves. Notícia da rádio: faltou SAMU! Três
veículos da SAMU foram lá, mas foram insuficientes, porque muita gente se
machucou. Tiveram que colocar os feridos nas camionetes da EPTC e em carros
particulares - notícia que eu ouvi na rádio! Gente, onde está a fiscalização da
EPTC?! Depois, quando eu digo que a EPTC não existe, alguns não gostam! A EPTC
não existe! Destruíram a EPTC! Técnicos capazes são humilhados pelo Secretário,
na sua arrogância cotidiana! Os “azuizinhos” não sabem o que fazer, porque não
têm condução, não têm direção. Mas um servidor honesto, capaz, diligente, como
foi o Vanderlei Capellari, não foi utIlizado
na EPTC. Ele está trabalhando na SMED e, por sinal, está fazendo um grande
trabalho, porque ele é um servidor estável, não pode ser demitido, porque ele
nunca cometeu um ilícito, sempre foi um sujeito correto, determinado nas coisas
que tinha que fazer. Esta é a EPTC: a EPTC da incompetência, da arrogância -
típicas do atual Governo.
E não paramos por aí! E quanto às demissões na
Saúde? Querem passar a idéia de que a nossa Administração contratou mal. Não, a
nossa Administração contratou conforme a Lei. A Lei mudou em 2006! Portanto,
nós cumprimos com as nossas responsabilidades. Nós não tínhamos sete PSFs fechados, como há, hoje, na Administração Fogaça. Não! Os PSFs funcionavam.
Nós tínhamos um trabalho efetivo. Que bom que existe o Ministério Público, que
está acompanhando essa questão. O Dr. Faccioli e sua
equipe determinaram que, até o final do mês, devem estar colocados na
Prefeitura os horários de trabalho de atendimento dos profissionais da Saúde, a
começar pelos médicos. Isso é correto, isso é muito justo, e assim tem que ser
feito. Nós vamos mais longe: o problema não termina nem começa com a Saúde
Pública, e, se continuar assim, vai terminar muito mal, matando pessoas nas
filas, com falta de medicamentos, mas não termina aí. O conduto forçado da
Álvaro Chaves: eu fui várias vezes lá, meu caro colega engenheiro Guilherme
Barbosa. O buraco que existe ali, na Rua Dr. Timóteo,
esquina com a Av. Cristóvão Colombo, é um negócio
espantoso! Está há meses aberto. Uma empresa particular, segundo a Prefeitura,
atrasou a obra em 90 dias. Aí o DMAE dizia que iria levantar uma adutora dia
tal. Depois da pressão que nós fizemos, depois que
saiu na imprensa, adiantaram em uma semana a obra. Então, é mais uma
demonstração da inoperância, da incompetência desta Administração. E vou mais
longe: nós estamos vendo o caos da Av. Baltazar de
Oliveira Garcia. Há dias encontrei, no Palácio, o Secretário de Obras e o
Diretor da Metroplan, e eles me diziam que a coisa
iria ser resolvida.
O Sr. Alceu Brasinha: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli,
realmente está difícil a situação na Baltazar de Oliveira,
hoje estão completando 114 dias da audiência que nós tivemos com o
Deputado Záchia, e, até agora, não deram resposta
nenhuma para nós.
O SR. ADELI SELL: Pois é, veja
só, Ver. Brasinha, isso que o senhor fez campanha para a Governadora Yeda Crusius!
O Sr. Alceu Brasinha: É verdade, fiz
campanha para ela!
O SR. ADELI SELL: O senhor
gastou seu tempo, sua energia, o senhor pediu votos, e veja como V. Exª está
sendo tratado. Estão quebrando a sua e a empresa de muita gente da região, os
moradores estão numa situação calamitosa, a situação
de quem mora em Alvorada é uma tragédia, e assim continua o drama de Porto
Alegre: o abandono de Porto Alegre, pela Administração local, e o abandono de
Porto Alegre, Ver. João Dib, pela Srª
Governadora.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra em Comunicações, por cedência de tempo do
Ver. Newton Braga Rosa.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta,
Verª Maria Celeste; Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, o Ver. Adeli Sell,
com aquela verve que lhe é característica, repete os seus ataques, alguns
infundados, à Administração do Prefeito José Fogaça.
Mas hoje eu quero falar do Muro da Mauá. Na
Tribuna Popular que nós ouvimos hoje, um dos 14 itens solicitados pelo
Movimento Viva Gasômetro foi a derrubada do Muro da
Mauá, com a justificativa de que, desde que foi criado esse Muro, ele nunca foi
necessário, e sugerindo que seja feito um competente plano de evacuação caso
haja alguma catástrofe de enchente. Primeiro, eu queria dizer que o Muro foi
planejado em 1941, quando houve a grande cheia, e, segundo os entendidos, uma
cheia igual a aquela se repetiria talvez em 300 anos. Mas eu gostaria de
lembrar que em 1926 e em 1929 aconteceram cheias em Porto Alegre - e não havia
o Muro -, claro que não na mesma extensão daquela que aconteceu em 1941, quando
a Cidade realmente foi muito prejudicada; e também em 1967 - ainda não havia o
Muro -, e nós tínhamos o rio transbordando. A água do rio chegou até a Praça
Montevidéu, na frente do prédio do Paço dos Açorianos, que chamamos de
Prefeitura velha. Portanto, se tivesse o Muro, nós não teríamos aquela água na
Rua Siqueira Campos, na Av. Mauá e também na Rua Sete
de Setembro.
Bem, mas uma grande parte, ou toda a Cidade está
protegida por um dique. Se nós tivéssemos uma saída de água e o Muro não
estivesse aí, nós teríamos um problema muito mais sério. Mas não é isso só que
eu quero dizer: o Muro está lá e funciona. Espero que ele nuca seja necessário,
mas se for, que façam a manutenção para os portões
fecharem, porque em 1983 nós tivemos que fechar os portões, um deles não fechou
e nós tivemos que colocar sacos de cimento para uma possível proteção, graças a
Deus não foi necessário, mas houve uma possibilidade, uma emergência. Agora, o
ideal seria se aquele Projeto, que veio para esta Casa em 1972, na
Administração do grande Prefeito Telmo Thompson
Flores, tivesse sido realizado. O Prefeito Telmo
Thompson Flores, depois de fazer o complexo da Conceição, quis completar a
obra, fazendo a elevada sobre a Av. Mauá. Se tivesse
sido feita a elevada sobre a Av. Mauá, nós não
teríamos ninguém pedindo para derrubar o muro, que é essencial à segurança da
Cidade. É como ter um termômetro clínico em casa para verificar no momento que
alguém tem febre - ninguém quer ter febre, mas se tiver, tem o termômetro
clínico -, se houver cheia, tem o muro e casas de
bombas para resolver o problema. Mas quando o Prefeito Telmo
Thompson Flores mandou para cá o Projeto, que na época eram 17 milhões de
cruzeiros, e o complexo da Conceição tinha custado 32 milhões de cruzeiros, a
Câmara não aprovou. Naquele tempo, as concorrências tinham que ser aprovadas
pela Câmara, diziam que era época da ditadura. A Câmara não aprovou, porque o
Prefeito mandou com o nome do Marechal Artur da Costa e Silva. A elevada sobre
a Av. Mauá seria a continuação da Av. Presidente
Castelo Branco, como o Castelo Branco foi um Presidente, e na sua seqüência foi
o Costa e Silva, o Prefeito colocou o nome, a Câmara poderia ter trocado, mas
não aprovou. Se tivesse aprovado, ninguém reclamaria do Muro, e, sobretudo, não
haveria o problema do famoso ”x” que tem na rodoviária que cria sérios
problemas para a circulação do trânsito naquela área.
Portanto, o Muro deve continuar, porque ele é
necessário à segurança da Cidade. Espero que ele nunca seja utilizado, mas ele
precisa ficar lá. Lastimavelmente, ele foi preparado e junto a ele há fundações
para fazer a elevada sobre a Av. Mauá, mas eu acredito
que nunca mais será feita, porque a grande oportunidade que a Cidade teve de
ver essa elevada foi quando Thompson Flores foi Prefeito e a Câmara Municipal
de Porto Alegre não autorizou a realização da grande obra, que seria de muita
tranqüilidade na área central. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Verª Sofia Cavedon está com a
palavra em Comunicações, por cedência de tempo do
Ver. Nereu D’Avila.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Srª Presidenta,
Verª Maria Celeste. Ver. Ervino,
peço que me compreenda, um presente de aniversário a gente não pode
passar adiante, e como o Ver. Nereu havia me ofertado
seu tempo pelo meu aniversário, eu o reivindico. Ver. Brasinha, estou completando 44 anos de vida muito bem vividos.
Infelizmente, o que eu quero tratar aqui não é
um tema tão alegre quanto a vida, mas é também
importantíssimo que nós pautemos, porque são vidas que estão em jogo. Nós estamos acompanhando o drama dos adolescentes no Abrigo Municipal
Ingá Brita. Há mais ou menos um mês, o Conselho da Criança e Adolescente
chegou a uma medida extrema de descredenciá-lo,
enquanto instituição, determinando o seu reordenamento
pelos inúmeros problemas, Ver. Dib, que os
funcionários vêm enfrentando pelo fracasso daquele tipo de espaço para
reconstruir projetos de vida dos nossos adolescentes saídos da rua em situação
de conflito com a lei, em situação de drogadição. Há
um mês, a Verª Maria Celeste - Vereadora que atua
nessa área com muito compromisso - marcou uma visita ao Ingá Brita. A Câmara se
envolveu, há uma promessa de reordenamento, Verª Clênia, mas a situação está mais grave. Nós recebemos a
denúncia de que há dois dias não há nenhum Monitor, Ver. Dib,
durante à tarde, no Ingá Brita. Os adolescentes estão por conta própria, uma
média de quinze adolescentes, com extremas dificuldades pessoais. Infelizmente,
em depoimento da própria equipe técnica, há uma presença de drogas muito
intensa - de crack -, que a equipe técnica e a
coordenação do AMIB não tem elementos, não tem
retaguarda para enfrentar, muito menos sem um número de monitores permanentes
que construam uma relação com esses adolescentes, que construam uma dinâmica,
que cativem, que possam encaminhar algumas questões de maneira saudável.
O dia de hoje está extremamente tenso,
aconteceram há pouco tempo situações de aliciamento, de tentativas de seqüestro
dos próprios adolescentes, e nós tivemos a situação agravada pelo não-pagamento
das horas extras dos monitores, que vinham dobrando turno, tentando amenizar a
situação. Essa foi a gota d’água no final desse mês.
(Aparte anti-regimental.)
A SRA. SOFIA CAVEDON: Verª Maria Luiza,
os monitores não receberam as horas extras, portanto não estão assumindo turnos
extras. À tarde, nós estamos sem monitoria, só com a Direção do AMIB para
situações extremamente complexas, quando o próprio Prefeito anunciou que a
prioridade neste ano seria o reordenamento para
pequenos abrigos, para casas-lares. A situação de evasão é muito grande, é
muito grande a entrada de novos. Não se consegue, naquele espaço que deveria
ser um espaço de alternativa para os adolescentes em situação de rua, nenhuma
resolubilidade; é dramático! Os funcionários entendem que não é possível
manter... Há uma promessa de reordenamento para
agosto, mas não mais há como manter durante o mês de agosto o atendimento como
está sendo lá. É gravíssimo, Ver. Haroldo, que várias vezes se pronunciou aqui sobre a situação de rua. Ver. Haroldo,
aquele é um abrigo público municipal para adolescentes; eles saem, eles entram
a hora que querem, não há condições humanas nem técnicas de contê-los, de
propor outras atividades, de conseguir enfrentar a situação de drogas. O
fracasso da Instituição chegou a ponto de o Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente dizer: “Ela não pode ser considerada um equipamento para
atendimento da situação de rua”.
Eu falo aqui da tribuna, e a Verª
Maria Celeste já visitou, já se pronunciou, dizendo que nós precisamos de uma
medida urgente, para hoje, porque questões burocrático-administrativas
conseguiram piorar a situação, que já estava dramática, que os jornais desta
Cidade já mostraram como um caso seriíssimo de falência de uma política pública
que já está clara para todos que precisa ser de outra maneira, em pequenos
grupos, em casas-lares com profissionais muito bem orientados, e com
alternativas, desde o tratamento da drogadição ao
trabalho educativo, à escola, ao psicólogo. São situações extremamente severas
que precisam de um olhar urgente e prioritário deste Governo. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Verª Maristela Maffei está com
a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do
Ver. Marcelo Danéris.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Srª Presidenta,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, em
primeiro lugar, quero agradecer ao Ver. Marcelo Danéris
pela cedência de seu tempo, e gostaria, hoje, de
trazer a esta tribuna um debate que há muito vem sendo realizado no nosso País,
em especial com o Senado, através da Senadora Patrícia Saboya,
do PSB do Ceará, baseado no aumento do tempo da licença-maternidade de quatro
para seis meses. Esse Projeto, na realidade, é uma proposta da Sociedade
Brasileira de Pediatria para a criação do programa Empresa Cidadã, agora
estando já com várias Audiências Públicas realizadas, já se encaminhando para
votação. A intenção, segundo a Senadora Patrícia, é discutir o Projeto com esse
setor da sociedade, para que posamos buscar a consciência da responsabilidade
social dos empresários. Diz ainda o Senador Cristovam
Buarque, do PDT do Distrito Federal, que o apoio a essa proposta ressalta
inclusive suas vantagens para a Economia do País. Segundo o Senador Cristovam Buarque, o aumento do período de amamentação, Verª Neuza Canabarro, ajuda a
prevenir diversas doenças. Diz ainda o Senador que esse não é um projeto de assistência
social. O que o País economiza ao ter garantida a amamentação das crianças é
muito maior do que o custo que isso possa ter para a Nação, disse Cristovam.
“Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria,
o Brasil gasta atualmente 300 milhões de reais por ano apenas no atendimento do
SUS a crianças com problemas respiratórios, um dos tipos de enfermidade que
pode ser prevenida pela ingestão do leite materno. Segundo a Senadora Patrícia Saboya, a amamentação, durante pelo menos seis meses, reduz
em 17 vezes as chances de a criança ter pneumonia; em 5,4 vezes a incidência de
anemia; e, em 2,5 vezes, a possibilidade de diarréia.
Essa lei ou licença-gestante é benefício de
caráter previdenciário garantido pelo art. 7º da Constituição brasileira que consiste
em conceder à mulher que deu à luz a licença remunerada de 120 dias. A
licença-maternidade é um meio de proteção à mulher trabalhadora que, por
motivos biológicos, necessita de descanso com o objetivo de se recuperar do
desgaste físico e mental provocados pela gravidez e parto.
As primeiras tentativas de concessão de
licença-maternidade à operária grávida remontam do Congresso de Berlim, de
1890. Posteriormente, o Projeto do Código do Trabalho, elaborado em 1917,
previa a concessão de licença-maternidade, com duração de 15 a 25 dias antes do
parto até 25 dias depois, garantindo o retorno ao trabalho e remuneração de um
terço do salário no 1º período e metade do 2º período.
Mas, somente com a Revolução de 1930 é que
surgiram medidas concretas de proteção à maternidade. Em 1934, foi instituído o
direito ao auxílio-maternidade designado às empregadas do comércio - Decreto nº 24.273, de 22 de maio de 1934.
No caso da mãe que amamenta, até que o filho
complete seis meses de idade, ela tem direito a dois descansos especiais
remunerados, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho, podendo ser
dilatado esse período em razão de necessidade e saúde do filho. A proteção do
aleitamento constitui também direito assegurado no
art. 9º do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Srª Presidenta, solicito usar o tempo de
Liderança.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Defiro o pedido.
A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: No período
pós-parto, a assistência ao filho recém-nascido é prioritária, além de
constituir uma das finalidades da concessão do direito da empregada ao
afastamento temporário do serviço.
O amparo à maternidade possui amplo caráter
social. Como célula da sociedade, a família tem que ser preservada e, para
isso, é necessário que a mãe esteja integralmente disponível para os cuidados
indispensáveis ao filho, nos primeiros meses de vida, sobretudo para o
aleitamento materno. Os inúmeros fatores existentes no leite materno protegem
contra infecções comuns em crianças, como a diarréia e doenças respiratórias
agudas, além de propiciar uma nutrição de alta qualidade para a criança,
promovendo o seu crescimento e desenvolvimento.
A mulher que descobre que está grávida deve
informar imediatamente a empresa onde trabalha, entregando uma cópia do exame
ou atestado médico que comprove o estado de gravidez. A partir do momento em
que a empresa toma conhecimento, ela é proibida de demitir sem justa causa.
Em situação de risco clínico, para a trabalhadora
ou para o nascituro, a futura mãe pode gozar parte da licença-maternidade antes
do parto.
Se ocorrer dispensa arbitrária ou sem justa
causa caberá ao patrão o pagamento dos salários relativos ao período em que
estaria garantida a estabilidade. Logo, se o empregador despede a gestante, sem
motivos, antes da licença, atrai para si a responsabilidade pelo pagamento de
uma indenização substitutiva.
Cabe ao empregador remunerar a empregada, sem
que esta lhe preste serviços. A licença-maternidade é ausência legal
remunerada, computada como tempo de serviço para efeito de férias, 13º salário,
FGTS, aposentadoria, enfim, para todos os efeitos legais.
À gestante também é garantida a percepção de
outras vantagens atribuídas à sua categoria, durante o período em que estiver
em descanso compulsório.
Licença-paternidade é a ausência do empregado ao
serviço, por ocasião do nascimento do filho. Fixada em cinco dias, a
licença-paternidade possui natureza salarial, a cargo do patrão. No entanto, o
seu pagamento está condicionado à apresentação da certidão de registro do
filho, podendo aceitar como suficiente o atestado da maternidade onde ocorreu o
nascimento da criança.
Entra aqui também a licença-maternidade da mãe
adotiva. É importante ressaltar que, na licença-maternidade, a lei ampara não
só a mãe como também o recém-vindo, inclusive o adotado. O descanso, nesta
ocasião, objetiva não apenas a recuperação da gestante como também a
oportunidade de mãe e filho se adequarem à nova realidade, integrando-os de
modo a proporcionar o melhor desenvolvimento infantil e, mais tarde, uma
relação adulta mais sadia e afetiva. Esta é a finalidade da licença-maternidade
para mães e filhos adotivos.
Por isso, senhoras e senhores, como Coordenadora
da Frente Parlamentar da Criança e do Adolescente, da qual esta Casa é
signatária, nós estamos invocando a Frente Parlamentar, coordenada pela
Deputada Federal Maria do Rosário e a Frente Parlamentar do Senado, coordenada
pela Senadora, e também autora, Patrícia Saboya, para
que esta Casa, Srª Presidenta, possa ser co-autora de
uma Audiência Pública, feita no Estado do Rio Grande do Sul, nesta Casa, para
que possamos aprofundar o assunto, inclusive nos preocupando com as pequenas e
médias empresas, porque aqui está o futuro do Brasil. Nós também temos que nos
preocupar com as pequenas e médias empresas para que elas não tenham nenhum
prejuízo, também. E que nós possamos, nessa Audiência, Ver. João Dib, junto com a sua Comissão, que com certeza tem de fazer
parte dessa Audiência Pública, apontar para os Senadores e para o Congresso
Nacional, emendas que possam também proteger a nossa pequena e média empresa
para que não sejam prejudicadas, não tendo assim nenhuma restrição, para que
não tenhamos votações contrárias a esse Projeto tão digno da Senadora Patrícia Saboya, com apoio inclusive do seu Partido, Verª Neuza Canabarro, da Frente
Popular, e do próprio PSDB, que está junto nessa Comissão, e fazermos desta
Casa uma protagonista, mais uma vez, deste nobre Projeto.
Obrigada pelo espaço. Acredito que este é um
tema relevante.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Obrigada, Verª Maristela Maffei.
A Verª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Professor Garcia.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, primeiro eu quero agradecer ao Ver. Garcia pela cedência deste tempo, um tempo que pedi exatamente para
poder prestar contas a esta Casa de uma representação que fiz, hoje, pela
manhã, quando, representando a Presidenta Maria Celeste e o conjunto das Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, pude acompanhar um evento
extremamente importante, que foi um seminário de combate à violência doméstica,
intitulado “O Combate à Violência Começa em Casa”. Esse
evento, que contava com o patrocínio e a organização de mais de 20 entidades -
dentre elas a Ajuris, a Associação do Ministério Público, a Assembléia
Legislativa, o Governo do Estado, a Prefeitura de Porto Alegre e inúmeras
entidades não-governamentais do nosso Estado - aproveitava o significado da
data de 6 de agosto, quando foi promulgada a mais importante legislação
brasileira que visa a coibir a violência doméstica, a Lei Maria da Penha.
O evento, que foi aberto pela Drª Denise de
Oliveira Cezar, Presidenta da Ajuris, demarcava
claramente uma posição perante a sociedade, quando as intervenções das inúmeras
lideranças femininas que estavam lá, de várias mulheres, doutoras,
pesquisadoras e militantes das causas das mulheres, concluíam que o Estado,
enquanto ente federado brasileiro, o Governo Federal, os Governos Estaduais, os
Municípios, ainda não havia alcançado o objetivo da garantia da dignidade das
mulheres no seu espaço privado.
Mesmo reconhecendo o enorme avanço legal, que
coloca, inclusive, o Brasil como protagonista de um processo pela garantia dos
direitos humanos das mulheres, mesmo reconhecendo que a Lei Maria da Penha vem
mudando, e mudando para melhor, a rotina das delegacias especializadas na luta
contra a violência de gênero e dos Juizados Especiais, se percebia, por todas
as intervenções das especialistas e dos especialistas que participavam dessa
conferência, que nós ainda precisamos continuar lutando para a garantia de um
suporte que venha a viabilizar as políticas públicas de caráter interdisciplinar
para a prevenção da violência no âmbito doméstico, quer seja a violência física, a violência sexual, a violência emocional, e,
inclusive, uma das facetas da violência que ainda não é muito explícita para o
conjunto da sociedade, que é a violência patrimonial contra as mulheres.
Percebeu-se que ainda nessa etapa da transição
da Lei, quando os Processos são encaminhados para as Varas Criminais, não se
tem nessas instâncias os recursos humanos adequadamente preparados e que possam
priorizar a questão da violência contra as mulheres, compreendendo-a como crime
que tem de ser penalizado.
Portanto, eu acho que a participação da Câmara
foi importante, do ponto de vista de, mais uma vez, explicitar publicamente a
posição institucional na defesa da dignidade das pessoas, na defesa das
políticas públicas que garantam a condição de respeito, de sobrevivência, de
dignidade e de eqüidade entre os homens e as mulheres do nosso País.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Está encerrado o período de Comunicações.
O SR. ALDACIR OLIBONI (Requerimento): Nobre
Presidenta, nós, nos últimos dias, recebemos a notícia de que a Faurgs demitiu 731 dos servidores do convênio com o
Município de Porto Alegre. Todos nós estamos preocupados, a Casa está
preocupada! A Comissão de Saúde já está querendo marcar para a semana que vem
um contato com o Governo, com os trabalhadores. Mas existe o art. 198 da
Constituição Federal, parágrafo único. Faço questão de fazer a leitura, aqui,
porque esclarece não só para a população como aos Vereadores e à Casa; é importante encaminhar para o Governo. O parágrafo
único diz o seguinte: “Os profissionais que, na data da promulgação desta
Emenda e a qualquer título, desempenharem as atividades de agente comunitário
de saúde ou de agente de combate às endemias, na forma da lei, ficam
dispensados de se submeter ao processo seletivo público” - portanto, não poderá
haver outra prova - “a que se refere o § 4º do art. nº 198 da Constituição Federal, desde que tenham sido contratados
a partir de anterior processo de Seleção Pública efetuado por órgãos ou entes da administração direta ou indireta de Estado, Distrito
Federal ou Município ou por outras instituições com a efetiva supervisão ou
autorização da administração direta dos entes da federação”.
Por isso, dá garantia de que todos eles não
poderão ser demitidos; o que o Governo pode fazer é um convênio com uma outra
entidade ou deve assumir os 731 servidores. Muito obrigado.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Srª Presidenta,
pergunto: que tempo estava sendo utilizado pelo Ver. Aldacir
Oliboni? Porque somos comandados por um Regimento.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Obrigada, Ver. Luiz Braz. O Ver. Oliboni
estava fazendo um Requerimento a esta Mesa, e solicito que o faça por escrito.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Srª Presidenta; apenas para registrar: hoje é o aniversário
da Escola Infantil União Criança, do Grêmio Náutico União, e a nossa Comissão
teve um papel fundamental na continuidade dessa escola, já que, lá, houve um
movimento para a sua extinção, e a Escola pediu que carinhosamente entregasse a
cada membro da Comissão de Educação, Cultura, Esportes e Juventude, bem como a
V. Exª, uma pequena lembrança, o que faço agora, já que estive em um almoço,
hoje, naquela instituição. Muito obrigada.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Obrigada, Verª Maristela Maffei,
pelo registro.
O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. ALCEU BRASINHA: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, eu
queria dar os meus parabéns à Verª Sofia Cavedon
pelos 16.071 dias de vida que ela tem. Longa vida, Vereadora! Sou somente 381
dias mais velho que a senhora.
Pois bem, venho aqui, mais uma vez... Todo mundo
sabe, cada vez que venho falar aqui, na tribuna... São 18 vezes que venho à
tribuna pedir socorro.
Na Av. Baltazar de
Oliveira Garcia não tem mais condições nem de andar. E já que a Governadora Yeda estão completando 216 dias de
Governo, eu acho que está na hora de ela olhar para nós, senão eu vou
passar o ano todo só falando na Baltazar e não falarei de outra coisa! Ver.
Mario fraga, V. Exª lembra daquele dia em que esteve caminhando na Baltazar,
quando fizemos aquele movimento lá com a Presidenta? Estiveram vários
Vereadores, Ver. Guilherme Barbosa, Ver. Adeli, Ver.
Marcelo Danéris, todo mundo caminhou na Baltazar, só
que até agora não saiu nada do papel. Duzentos e dezesseis dias! E para
completar, ainda, o Secretário Záchia marcou uma
reunião conosco no dia 11 de abril; hoje estão completando 114 dias! Essa
reunião era para nós formarmos uma comissão que iria para Rio de Janeiro, e até
agora eu não consegui saber se alguém viajou para o Rio ou não. E a Baltazar
está cada vez pior!
Pois bem, no dia 04 de agosto, o Padre lá da São
Francisco fará uma caminhada da paz, e quer caminhar na Baltazar. Eu perguntei
a ele como é que iria caminhar na Baltazar, colocar cinco mil pessoas
caminhando na Baltazar?! Não há condições, porque a Baltazar está uma cancha
reta, aberta! E aí, meus amigos, começa a bater o
desespero nos comerciantes, nos empresários, nos donos de postos de gasolina,
nos donos de farmácia, nos donos de oficina, de mini-mercado, do menor
comerciante ao maior está sendo prejudicado! E o Ver. Dib
sabe quanto é preciso que a Baltazar comece imediatamente as obras, porque
realmente não tem condições! O Ver. Dib, na época em
que era Prefeito, duplicou a Baltazar. Hoje não pertence ao Governo do
Município, ao Fogaça, mas pertence à Governadora Yeda.
Eu venho mais uma vez pedir que a Governadora Yeda comece as obras, porque, se começar hoje, levará um
ano para terminar. E, até agora, nada!
Srª Presidenta, já tem alguma novidade,
alguma notícia se foi marcada a audiência com a Governadora? Quando será que a
Governadora vai nos atender, Presidenta? É difícil para quem
trabalhou na campanha da Governadora, para quem andou para cima e para baixo,
pedindo voto para a Governadora, e a Governadora está-nos tratando
assim!
Eu lembro como se fosse hoje, eu e o Ver. Mario
fraga, o Ver. Luiz Braz, o Ver. Sebenelo, o Ver.
Valdir Caetano, todo mundo andando em cima do caminhão, pedindo o apoio à
Governadora Yeda, que era a candidata mais talhada
para governar o Rio Grande. E, até agora, a Governadora não conseguiu atender
ao pedido que este Vereador, cada vez que vem aqui na tribuna, vem pedir
socorro para a Governadora, e a Governadora, até agora, nem sequer marcou uma
audiência, nem sequer nos atendeu quando nós tivemos uma audiência com o Záchia. Como nós vamos nos sentir daqui um pouco mais?
Faltam 149 dias para completar um ano de Governo, Ver. João Dib!
Vai passar o ano e não foi feito nada pela Baltazar! E o comércio? E as pessoas
que transitam por lá? Quem vai pagar esse prejuízo com a sociedade? Nunca mais
será recuperado esse prejuízo, Ver. João Dib! E,
assim, cada vez que eu venho nesta tribuna, eu venho pedir socorro para os
colegas Vereadores, para fazermos uma grande mobilização e pedir,
imediatamente, que a Governadora tome uma atitude e mande reconduzir as obras,
porque não é possível não ter dois milhões para dar a contrapartida para nós
recomeçarmos as obras! Vai chegar a semana que vem, o
mês que vem, novembro, dezembro, e eu continuarei pedindo à Governadora Yeda! É brabo! Eu sei que a Governadora está enfrentando
dificuldades, mas ela tem que dar uma olhada, porque, num município vizinho,
onde transita essa quantidade de carros por dia, de ônibus, a Governadora até
agora não tomou nenhuma atitude.
Governadora, faça este
Vereador, que está triste, sorrir um pouquinho! Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. José Ismael Heinen está com
a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exma
Srª Presidenta desta Casa, nobres colegas
Vereadores e Vereadoras, eu imagino, vendo o meu colega Brasinha vindo
diariamente ao Plenário desta Casa reivindicar a solução para as obras ao
Governo do qual ele faz parte, deve ser doloroso, não é meu colega, Alceu
Brasinha?! O nosso Partido, os senhores sabem muito bem, que nós fomos
excluídos, desde o início da compactação... Quer dizer, eu vou cobrar sim! Eu
acho que com relação à Av. Baltazar de Oliveira
Garcia, Brasinha, tens toda a razão de que isso é um problema suprapartidário,
um problema muito sério que bem retrata a cultura política do nosso povo e do
nosso País: a impunibilidade de um ato dantesco feito
por uma Administração irresponsável, de abrir aquela avenida da maneira que
abriram e deixaram. Não é a coitada da Governadora, a coitada, não! A nobre
Governadora Yeda, responsabilizada, sem dinheiro,
agora, é cobrada. Isso tem de ser cobrado de outras pessoas que são responsáveis por essa obra, feita de uma maneira totalmente
errada, contrariando todos os princípios administrativos e éticos que se possam
imaginar, deixando uma população toda perdendo dia a dia a sua auto-estima e
seus valores morais e físicos também. Portanto, Brasinha, nós estamos ouvindo,
mas se fosse o meu Partido, que tivesse secretários, com certeza eu estaria
batendo na porta dos secretários do meu Partido, para ir lá também fazer força
e buscar as devidas providências.
Mas o que está me deixando
muito preocupado, como falei esses dias, é o aumento da violência no
nosso Estado, mas principalmente em Porto Alegre, que é a nossa Cidade, e em
seus arredores. Naquela ocasião falei que a violência estava crescendo na
proporção do crescimento do consumo de drogas em Porto Alegre. Está nos jornais
aqui; lamentavelmente há diversos dias, não se contradizem em nada:
“Assaltantes executam dois PMs”. O PM, hoje, Srª
Presidenta, nem à paisana tem mais a garantia de vida nesta Cidade, basta
saber-se que é policial. Vejam o quanto essa família,
da Brigada Militar, hoje, a esposa, os filhos, não devem estar preocupados,
quando o pai sai de casa numa missão de defender a vida dos outros e é a dele
que está mais em perigo! Está aqui no jornal: o brigadiano
que foi morto estava à paisana; um motorista de lotação foi morto na frente da
família. Aqui diz tudo: “dez mortes em seis horas” a
metade na Grande Porto Alegre. Depois, nós temos: assaltos no Rio Grande do Sul
- a cada seis minutos uma pessoa é assaltada; se botarmos furtos, junto, é a
cada um minuto e meio! Agora, o que é tudo isso? São os reflexos da Av. Baltazar de Oliveira Garcia? E não é uma lei seca, neste
Estado do Rio Grande do Sul, que seja o principal programa para eliminar essa
violência! De repente, essa lei seca, tratando-se de uma Capital, venha a
aumentar essa violência, porque o principal motivo da violência, para mim, não
é a cocaína nem o crack; isso está em segundo lugar.
O principal é o desemprego! O desemprego faz com que o cidadão se desespere,
perca sua auto-estima, perca suas noções de cidadania, porque não é mais dono
de si, porque não pode sequer alimentar a sua família ou se auto-alimentar. E
essa lei seca, tão propalada pelo atual Secretário de Segurança Pública do
Estado, que acha que com isso vai resolver o problema -
porque é muito fácil fazer com que os pequenos comerciantes, que investiram em
seus negócios, paguem o ônus - e dar uma resposta a essa sangria de vidas que
estão sendo ceifadas no nosso País. Há 30% de aumento da criminalidade em
relação ao mesmo semestre do ano que passou! É preocupante, sim. Oitenta e oito
por cento da população se confessa insegura neste País. Para onde estamos indo?
Parece que estamos em guerra! Como é que podemos resolver isso? Uma coisa, sim,
ajuda, e muito: proporcionarmos dignidade, proporcionarmos progresso
condizente, e emprego para essa massa desempregada do nosso País, e,
principalmente, auto-estima e perspectiva para o cidadão brasileiro. Isso
também afeta em muito a nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Apregôo Memorando, informando que a Verª Margarete
Moraes estará representando esta Câmara Municipal na solenidade de posse dos
coordenadores do Comitê Estadual Contra a Tortura, que ocorrerá no dia 7 de
agosto de 2007, às 14h, no Auditório do Palácio do Ministério Público.
Informamos também que o Ver. Newton Braga Rosa
estará representando a Câmara Municipal na reunião-almoço da Abinee/RS, que ocorrerá dia 6 de agosto, a partir das 12h,
no Restaurante Panorama da PUC. Informações no Gabinete da Presidência.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO BESSON: Minha cara Presidenta,
Verª Maria Celeste; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e através do Canal 16 da TVCâmara, quero saudar todos. Há pouco, o Ver. Elói
Guimarães, em seu pronunciamento, deu seu relato a respeito dessa brutal
tragédia, que foi o acidente com o avião da TAM. O povo ainda está triste,
abalado, pois sequer ainda foram esclarecidas as causas do acidente que vitimou
154 pessoas que viajavam no avião da Gol, no ano
passado, e, agora, este brutal acidente com o avião da TAM. Muitas lágrimas
foram derramadas até o momento, e muitas serão ainda com o decorrer do tempo.
No dia em que os nossos governantes colocarem
pessoas preparadas, pessoas certas no lugar certo, eu acredito que tragédias
brutais como estas serão evitadas. Quando há acomodações políticas, Ver. João Dib, infelizmente
acontece esse tipo de tragédia. É profundamente lamentável o que aconteceu com
o avião da TAM. São milhares de notícias agora, mas morto não fala;
infelizmente, morto não fala! Vão dar um jeito de achar culpados - talvez o
piloto - e vão esquecer das condições da pista do aeroporto. Algumas entidades
teriam a obrigação - pelas funções que ocupam - de fiscalizar de uma forma mais
responsável. E o que acontece? Pessoas não-preparadas são colocadas em locais
que outras pessoas deveriam ocupar. Lamentamos tristemente!
O Ver. Adeli, um
Vereador moderado, meu amigo, criticou de forma muito dura o nosso Governo
Municipal; falou no acidente que houve hoje pela manhã. Não sei; houve hoje o
acidente. Talvez amanhã tenhamos condições de ter notícias mais verídicas,
porque a Cidade está abandonada. Mas eu só quero lembrar ao Ver. Adeli que o nosso Governo, quando assumiu a Prefeitura,
recebeu o caixa da Prefeitura numa situação extremamente difícil; recuperou o
caixa, construiu várias creches e vai construir outras, talvez mais do que as
que já foram inauguradas até hoje, no fim do seu Governo. No plano
habitacional, quantas residências já foram construídas!?
E destaco aqui a residência dos nossos policiais; há muito tempo defendo, aqui desta tribuna, uma moradia mais digna para os
nossos policiais. E agora a Administração do Prefeito José Fogaça,
só na Zona Sul, está construindo 240 moradias; no Partenon,
mais 180; e outros planos vão acontecer.
Eu também destaco aqui o Distrito Industrial da
Restinga, que saiu do papel. Quem sabe os Vereadores e Vereadoras, meu caro
Ver. Mario Fraga, fazem uma visita ao Distrito
Industrial da Restinga? Tenho certeza de que os Vereadores que forem lá, irão encher os olhos, porque hoje o Distrito Industrial da
Restinga é uma realidade. As praças foram recuperadas, e outras estão sendo
recuperadas, entregando à população, à comunidade, esse local, esse espaço tão
nobre, porque estavam perdendo a maioria desses
locais, Ver. Elias Vidal, para a marginalia. Hoje eu
destaco o trabalho da SMAM, com a sua equipe. A Prefeitura Municipal está
devolvendo esses espaços tão nobres para a nossa população de Porto Alegre.
E mais, está aqui, na Zero Hora: “Convênio vai
ampliar rede de esgoto da Capital”. A Caixa Econômica Federal e a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre estão assinando um contrato de financiamento que, até
2013 - importante para a qualidade de vida da nossa
Cidade -, a Cidade terá 77% do esgoto tratado; hoje são apenas 27%. Portanto,
daqui a 5 anos, nós teremos 77% do esgoto tratado. É um trabalho da Prefeitura
Municipal; então vamos reconhecer o trabalho da nossa Administração José Fogaça, da nossa Cidade. Obrigado, Srª
Presidenta.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Neuza Canabarro): Obrigada, Ver. Ervino
Besson.
O Ver. Nilo Santos solicita Licença para
Tratamento de Saúde, na data de hoje. A Mesa declara empossado o Suplente, Ver.
Wilton Araújo, nos termos regimentais.
O Ver. João Antonio Dib
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, art. 229 do Regimento desta Casa: “O Líder, a qualquer momento
da Sessão, exceto na Ordem do Dia, poderá usar da palavra por cinco minutos,
sem apartes, para comunicação urgente e de excepcional importância, submetendo
o assunto preliminarmente à consideração do Presidente dos trabalhos”.
Bem, por exemplo, agora o meu querido amigo Ver.
Ervino Besson falou sobre o
acidente, e é a primeira vez que eu me refiro a um acidente da Aeronáutica
deste País, e também encerro por aqui. Seria importante que não se falasse mais
sobre o assunto para não reavivar as dores das pessoas que sofreram e sofrem
imensamente cada vez que ouvem alguém falar; reavivam
a dor.
Por outro lado, outros Vereadores falaram sobre
o acidente; eu não quero falar sobre o acidente. Acho um horror falar sobre o
acidente! É não ter o que falar! O Ver. Aldacir Oliboni, numa perfeita Comunicação de Líder, que se
enquadraria perfeitamente no art. 229 do Regimento, fez um comunicado, que eu
não sei de que forma foi. O Ver. Luiz Braz pediu Questão de Ordem; não obteve
resposta, não teve tempo nenhum. Esse tempo seria o tempo a ser utilizado para
dizer do problema da saúde no Município em relação àqueles médicos, auxiliares
de enfermagem, enfermeiros, que foram retirados da Prefeitura, porque o
pagamento para a Faurgs está atrasado. Esse seria o
assunto! É urgente, inadiável, em que, por certo, a Presidenta concordaria que
fosse utilizado o tempo de Liderança. Mas nós não usamos o tempo de forma
correta e também não cuidamos do Regimento.
Eu estou vendo, agora, que assume um Vereador em
substituição a alguém que já estava no Plenário. De acordo com a decisão desta
Casa, isso não pode acontecer no momento em que está acontecendo. Então, não
tem por que fazer Regimento, não tem por que ter Lei Orgânica; nós vamos fazer
as coisas ao sabor do momento e dos acontecimentos. Eu não tenho nada contra a
pessoa que vai assumir - até gosto dele -, mas eu acho que Regimento é
Regimento e tem de ser cumprido. Os dois Vereadores do Partido já falaram.
Agora, eu não sei qual Partido assume, mas os quatro Vereadores do outro
Partido também estavam aqui. Então, eu não estou entendendo nada mais de Regimento
Interno. E eu, que fico aqui do início ao fim da Sessão, de repente vejo a
repetição dos assuntos! Eu não aprendo nada! Eu até sou capaz de desaprender!
Eu acho que nós temos de ter mais seriedade no
tempo de Liderança, no sentido de serem tratados assuntos de excepcional
interesse e de urgência, não falar de coisas que aconteceram há
bastante tempo, para os quais não apresentamos nenhuma solução. Só falamos,
falamos, falamos, porque nós vamos aparecer na televisão? Não, eu acho que isso
está equivocado, e eu gostaria que o Regimento Interno fosse sempre respeitado.
Inclusive, eu fiz uma consulta à Comissão de Justiça sobre a aplicação do art.
229. E, realmente, a Comissão de Justiça me confirmou que deve ser utilizado o
Tempo de Liderança para comunicação urgente e de excepcional importância.
Qual das Comunicações de Liderança que era
urgente e de excepcional importância? Saúde e PAZ! Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Neuza Canabarro): Ver. João Antonio Dib,
a assessoria informa que está tudo correto em relação à posse do Ver. Wilton Araújo, mas que, de qualquer forma, eles vão revisar
a redação do Regimento.
O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Verª
Neuza Canabarro, meus colegas Vereadores, minhas
colegas Vereadoras, queremos saudar todos os colegas Vereadores neste início
deste segundo semestre. Temos muitos temas desafiadores neste segundo semestre,
dentre eles, a questão do Plano Diretor, que é um assunto de alta relevância
para a nossa Cidade.
Mas eu quero me ater, aqui, hoje, Presidenta, a
uma questão pontual que diz respeito à instalação de energia elétrica nas áreas
irregulares da cidade de Porto Alegre. Esse é um desafio enorme que não diz respeito
só a Porto Alegre, mas, como Vereador de Porto Alegre, eu vou me ater à questão
da cidade de Porto Alegre. Nós temos dezenas, centenas, Verª
Maria Luiza, de áreas irregulares - públicas, áreas de risco, áreas privadas
que foram ocupadas -, e a luz elétrica, a energia - o chamado “gato” -, nessas
localidades, Ver. Brasinha, são precárias. Se, naquela
rua, dois ligarem o chuveiro ao mesmo tempo, o chuveiro queima, e o banho volta
a ficar frio - isso vale para a geladeira. Portanto, eu quero dizer que nós
precisamos encontrar uma solução de cidadania. Muitas vezes, eu tenho levado ao
Ministério Público demandas que deveriam ser resolvidas de outra forma. Nós
estamos tratando desse assunto, já há muito tempo, com as Direções da CEEE, e,
diga-se de passagem, nenhuma delas quis enfrentar esse tema maiusculamente. E
eu quero falar da minha estranheza, pois, há uns dois meses, eu solicitei uma
audiência com o Presidente da CEEE, e, pela quinta vez, ele cancelou a
audiência. Eu não sei se ele cancela tanta audiência quando é para tratar dos
interesses dos poderosos. Com certeza, ele deve estar com dificuldades na sua
agenda para tratar dos problemas de vila pobre, do cidadão que não tem
dinheiro, que não tem passagem. Eu estou aqui para tratar dos interesses do
povo. Então, eu disse a ele que não vou mais pedir audiência. Aliás, quando
cancelaram pela quinta vez, eu disse que não queria mais audiência, porque
política, para mim, não é favor. Eu não quero audiência de favor! Portanto, eu
vou propor à nossa Comissão, à CUTHAB - a petição já está pronta, já arrolei
quem eu acho que deve discutir -, que a gente faça uma boa discussão com a PGM,
com a SPM, com a própria CEEE, com a Agência Reguladora de Energia Elétrica. Eu
considero essa atitude da CEEE uma atitude burra, porque, se ela não construir
para frente, continuará não recebendo para trás e nem para frente. Se eu
disser: “Olhem, o sujeito está lá na clandestinidade...” Deixem esse crédito
podre, vamos construir para frente, vamos fazer a tarifa social, o cidadão vai
ter energia de forma digna. Mas, para isso, tem que haver a parceria da
Prefeitura, porque se a Prefeitura não der uma autorização, mesmo que seja uma
rede precária, não vai poder entrar. O que eu não posso é ter centenas,
milhares de famílias nesta Cidade que vivem com
ligações irregulares! Eu acho que esta Casa deu uma demonstração fantástica com
um Projeto que foi proposto pelo Governo, chamado Água Certa, que hoje está
permitindo que a água chegue a várias comunidades que antes não podiam contar
com isso, e a energia é tão importante para o cidadão quanto a
água. Por isso nós vamos chamar a CEEE aqui para este debate. Se não quiserem,
não precisam vir, não há problema! Vamos chamar também
o Ministério Público e os outros órgãos da municipalidade, para que a gente
possa encontrar um padrão mínimo, porque a Aneel diz
que não pode, e a Constituição diz que serviço essencial pode, e aí há outras
leis infraconstitucionais, mas existe uma Resolução da Aneel
que diz que em áreas irregulares... Agora, existem vilas nesta Cidade que estão
aí há 30 ou 40 anos com energia irregular, em que ninguém paga nada. As pessoas
não querem favor, querem regularizar a sua luz, querem pagar dez, quinze reais, e a Companhia não vai botar? Mas a Prefeitura vai
ter, então, que nos dizer que daqui a 30 anos vai mudar essas famílias, porque
há 30 anos eu as conheço, já morreram os pais, ali já estão os netos, e a
energia não chegou! Eu acho que isso, além de um ato de cidadania...
É um ato de burrice da Companhia, que deveria
ter uma política para poder arrecadar e dar energia de qualidade para o
cidadão. Muito obrigado, Srª Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Neuza Canabarro): Obrigada, Ver. Sebastião Melo.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ADELI SELL: Srª Presidenta, Verª Neuza Canabarro;
a minha saudação, colegas Vereadores e Vereadoras, eu falo em nome da Bancada
do Partido dos Trabalhadores. Vereador Melo, quer
dizer, então, que as relações com os tucanos não andam bem, pelo menos na CEEE
parece que o conflito está instaurado! Mas esse é um pouco o estilo da
Governadora, de não atender às pessoas... O Ver. Brasinha, que se matou fazendo
campanha para o PSDB, mesmo sendo do PTB, a Governadora não olha por ele, não o
atende... Inclusive, eu queria falar mais para a Bancada do PTB para ver como é
que está essa relação com o Governo do Estado, até como está a
relação aqui na Prefeitura de Porto Alegre, porque as informações que eu tenho
é que há uma certa queda do Prefeito por um outro Partido, desdenhando o seu
Partido - não quero aqui adiantar o debate eleitoral, até porque os problemas
da Cidade são muito maiores do que este.
Como nós vimos, hoje de manhã, na Av. Protásio Alves, 20 pessoas
ficaram feridas! Vinte pessoas, num acidente de trânsito! Por que esse ônibus
não foi fiscalizado? Onde está a fiscalização da Prefeitura? Faltou freio!
Fazia quantos anos que eu não ouvia, não via, não lia uma notícia dessas em
Porto Alegre! Antes do Governo João Dib, disso tenho
certeza absoluta - já faz tempo, não é, Ver. Dib, que
o senhor foi Prefeito? Acho que antes de o senhor ser Secretário da SMT. Mas
isso aconteceu hoje, em 2 de agosto de 2007. Mas, lá na frente da PUC, por
exemplo, pode acontecer um outro macroacidente. Há
uma sinalização de trânsito maravilhosa: está sinalizado um buraco há dez dias!
Dez dias! Na PUC, hein? Não é em qualquer lugar! Não é na grota da grotinha! É
na PUC. Mas há outras sinalizações desse tipo pela Cidade afora. Agora a moda
em Porto Alegre é sinalizar brilhantemente os buracos da Cidade. Mas até acho
que talvez esse freio desse ônibus na Av. Protásio Alves seja fruto do tobogã que virou a Protásio Alves, o antigo Caminho do Meio. Está mais
complicado do que o antigo Caminho do Meio quando não tinha asfalto! Os buracos
eram menores. E o Centro de Porto Alegre? Como está? E a Saúde na nossa Cidade?
Parece que não existe!
Esta Câmara, neste semestre, tem que se debruçar
sobre os problemas da Cidade. Os pequenos problemas, as
questões que foram levantadas hoje aqui pelo Movimento Viva Gasômetro,
porque o que eles levantaram aqui não foi uma discussão de Plano Diretor,
essencialmente, foi uma discussão muito mais do Centro de Porto Alegre. O
abandono da Praça Júlio Mesquita; o Secretário foi, fez uma reunião, plantou
uma árvore - a moda é plantar árvore! Agora, cuidar das árvores... Nós temos
uma falência de um terço das árvores em Porto Alegre. Um terço! Faz-se um
carnaval para fazer mudança de uma árvore de um lugar para outro, mas não se cuida
daquelas que já existem ou daquelas que foram transplantadas.
Eu quero levantar novamente aqui a situação do
Bar Timbuca: decisão da Justiça não cumprida pela
Prefeitura. Não está sendo cumprida! Por que não está sendo cumprida? Qual é o
mistério? Ah, se fosse a Administração do PT não cumprindo uma decisão judicial
seria um escândalo, seria manchete! Haveria discursos e discursos intermináveis
aqui nesta tribuna! Aí chega o Ver. Besson e fica
chateado, magoado com o Ver. Adeli, que é sempre tão
tranqüilo. Mas, gente, como é que eu posso ficar tranqüilo numa hora dessas?
Durma-se com esse barulho, com esse furdunço desta
Cidade onde a fiscalização da SMAM também não existe mais! Ou agora pode, Verª Margarete Moraes, colocar uma
faixa no Viaduto Otávio Rocha, patrimônio da Cidade? A Lei diz que não se podem
colocar faixas, não se pode colocar publicidade, seja o aviso que for, no patrimônio público! Mas está lá, chamando atenção:
“Liguem para o 190. Olhem, nós os coitadinhos, aqui,
estamos sendo roubados!” Convenhamos, tenham paciência!
E o site da Prefeitura e sua newsletter, o famoso dois em um está funcionando uma
maravilha, é o blog e o fotolog,
um dois em um que é bárbaro, é a cidade da fantasia. Diziam que a gente tinha
uma Cidade idealizada na nossa publicidade, agora, põe Cidade idealizada esta,
Ver. João Dib, no blog
e fotolog do Fogaça.
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de
Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidenta,
Verª Maria Celeste; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
senhoras e senhores, eu acho que o Ver. João Antonio Dib
parcialmente tem razão, com toda a admiração que tenho por V. Exª, com relação
às participações aqui, na tribuna, das Lideranças. Realmente acredito que, ou
nós alteramos o Regimento com relação às participações de Lideranças, ou
precisamos fazer com que elas sejam diferentes. Mas como todas as Lideranças
falam, fica praticamente impossível um Partido não vir à tribuna e também exercer
o seu tempo de Liderança.
Ver. Brasinha, meu amigo, nós fizemos campanha
juntos, para que a então Deputada Yeda Crusius pudesse assumir o Governo do Estado. E, com toda
certeza, Ver. Brasinha, eu não me arrependo de todas as campanhas que nós fizemos,
porque o Estado, levado pelo pessoal do PT e por outros maus administradores,
estava e continua ainda num estágio muito ruim: está em coma. E nós
precisávamos de alguém descente, capaz, competente, para fazer com que o
Orçamento do Estado pudesse ser melhor administrado. E
nós não podemos nos queixar, porque o que nós vemos, no dia-a-dia, é a Governadora e toda a sua equipe lutando para que nós
possamos ter o Orçamento do nosso Estado capaz de proporcionar uma sociedade
melhor.
Agora, eu pediria que V. Exª, que é uma pessoa
que eu respeito e admiro - inclusive, quando dou exemplos de pessoas
batalhadoras, guerreiras, vencedoras, faço questão de citar V. Exª, que é
realmente um vencedor -, quando falasse sobre o assunto Av.
Baltazar, deveria citar os Secretários de seu Partido que fazem parte do
Governo do Estado, também. Porque não é apenas a Governadora Yeda, do meu Partido, que assumiu o Governo e nomeou os
Secretários do PSDB. Não! Os Secretários do seu Partido estão lá, presentes, e
se porventura os problemas da Av. Baltazar não foram
resolvidos, não foi por má vontade da Governadora ou dos Secretários do seu
Partido, foi simplesmente porque esses Partidos que vêm aqui, na tribuna, fazer
críticas, levaram o Estado até esta situação! Ou nós vamos nos esquecer ou
alguém da sociedade vai se esquecer do Clube da Cidadania? Quanto roubo! Ou nós
vamos nos esquecer ou a sociedade vai se esquecer dos “mensalões”?
Porque o “mensalão” também veio para o Rio Grande do
Sul, e nós sabemos que dirigentes do Partido, que esteve aqui criticando,
receberam o “mensalão”. E por mais de um milhão de
reais que receberam, sabem quanto tiveram que devolver? Cinco cestas básicas!
Sabe, Ver. Wilton, eu sinto vergonha da sentença que foi dada pelo
nosso Judiciário: cinco cestas básicas, por um milhão de reais do “mensalão”! Não quero dizer que a Juíza que assim agiu foi
partidária, mas eu, também conhecedor do Direito, fiquei boquiaberto ao ver a
sentença, que não foi nada exemplar, e que deveria ter sido exemplar!
Em vez de ficarmos apenas apontando o dedo em
direção aos outros e fazendo acusações, por que, Ver. João Dib
- e não é para V. Exª que eu estou falando isto, mas estou conclamando V. Exª e
todas as outras Lideranças também -, não vamos nos unir para ver quais são as reais
soluções para a nossa sociedade? Senão nós vamos ficar perdendo um tempo muito
grande aqui nesta tribuna apenas fazendo acusações e vendo de quem é o maior
defeito. Eu acho que esta não é a nossa função. A função do homem público não é
esta, porque esta é vergonhosa, a de apenas apontar o dedo para tentar
encontrar o maior dos culpados. Afinal de contas, todos nós temos defeitos e
virtudes. Então, vamos nos unir para apontar soluções, porque esta é a nossa
obrigação, que somos representantes da sociedade.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Verª Clênia Maranhão está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidente, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, eu queria inicialmente saudar a presença do Ver. Wilton Araújo, que assume hoje na nossa Casa. Seja muito
bem-vindo, Vereador!
Eu queria, fraternalmente, divergir do Ver. Ervino Besson. Ele diz que o Ver.
Adeli Sell é sempre muito
calmo. Eu divirjo do Vereador, e quero lembrar que sempre nas quintas-feiras de
tarde alguns Vereadores - não quero citar nomes - que até parecem calmos ficam
mais acelerados. Sabem por que, Dr. Goulart? Eu fico sempre me perguntando isso
quando vejo o Canal 16. Há ainda algumas críticas que são dirigidas com veemência
exatamente no final da tarde de quinta-feira! Não é interessante? O que motiva
esse surto crítico, muitas vezes sem nenhum embasamento, meramente partidarizado? Chama-se Canal 16. A Sessão da quinta-feira
passa na quinta, sexta, sábado e domingo! E isso muda, e muda muito! É, Ver.
Guilherme, V. Exª não sabia! Eu também não, assim como V. Exª eu não entendia
por que alguns mudam de perfil, inclusive psicológico! Por que, durante a
semana, reconhece inclusive as vitórias da Cidade, e aí dá um ataque super-radicalizado
e esquerdista na quinta-feira de tarde! Então essas coisas são nuanças do poder
político dos espaços públicos que nós, que somos militantes, sabemos bem.
Eu queria também dizer ao Ver. Adeli que é uma pena que V. Exª não esteja mais caminhando
pelo Centro, Vereador. Quando V. Exª andava com aquele chapéu e era o
Secretário da SMIC, intitulado “xerife do Centro da Cidade”, V. Exª conhecia
melhor o Centro. Aquela época era diferente de hoje! Sabe por que o povo não
tem saudade? Porque os camelôs tomavam todas as ruas do Centro. E a EPTC, que
V. Exª critica tanto, mudou inclusive várias ruas do Centro. O Centro da Cidade
não é o Centro que nós queremos, Vereador. Nem o meu,
nem o seu, nem de nenhum porto-alegrense. Agora, vamos falar com seriedade! E
as inúmeras modificações que foram feitas no Centro da Cidade, foram feitas em
qual Governo? Por este Governo! V. Exª não pode se apropriar dos avanços do
Centro neste momento, porque eles não foram feitos quando V. Exª andava com
aquele chapéu e nós o chamávamos fraternalmente de o “xerife do Centro”. E
quero-lhe dizer, inclusive, que um dos motivos importantes do caminho que nós
estamos vivenciando, devolvendo o Centro da Cidade, é inclusive a EPTC, que tem
modificado a acessibilidade no Centro da Cidade, e talvez por isso também tenha
sido reconhecida pelo Programa de Qualidade e tenha sido premiada como uma das
empresas no Programa de Qualidade.
Também não sei, talvez não seja isso, mas quem
sabe o nervosismo também seja, Ver. Ervino, por causa das boas notícias que hoje tivemos na
imprensa, dos avanços conseguidos pela gestão do DMAE, que
inclusive assina com o Governo Federal, dentro do nosso espírito de parceria,
com o documento que liberará os recursos para que Porto Alegre, que hoje tem
apenas 27% do esgoto tratado, para que chegue a 77% do esgoto tratado.
Nós temos que ficar felizes,
independente dos Partidos que temos, quando a Cidade cresce, quando a
Cidade avança.
E quero dizer que, sábado, o Conduto Forçado
Álvaro Chaves libera mais uma rua importante da Cidade, diferentemente daquela
rua que o Ver. Brasinha gosta tanto de denunciar, porque a
competência e a agilidade da Prefeitura faz com que uma nova área da Rua
Quintino Bocaiúva seja liberada pelo DMLU, área que está bastante avançada nas
construções do Conduto Forçado Álvaro Chaves. Aí, Vereador, já nem temos mais jet ski nas ruas,
vários alagamentos já não temos mais. As críticas são bem-vindas, mas elas
devem ter um pouquinho mais de seriedade e não podem ser motivadas pelo novo
momento das quintas-feiras, no final de dia.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Havendo quórum, passamos à
Em votação as Atas das 54ª, 55ª, 56ª e 57ª
Sessões Ordinárias e a Ata da 11ª Sessão Extraordinária desta Casa. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.
Em votação o Requerimento, de autoria das
Lideranças, para a seguinte ordem de apreciação dos Projetos: PLL nº 212/06; PLL nº 205/06;
Requerimento nº 067/06; PLL nº
212/05; PR nº 105/05 e PR nº
117/05. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 4931/06 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 212/06, de autoria da
Ver.ª Clênia Maranhão, que institui o Dia de Conscientização do Estresse, a ser
comemorado, anualmente, no terceiro domingo de novembro, passando a integrar o
Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Paulo Odone: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto;
-
da CECE. Relator Ver.
Haroldo de Souza: pela rejeição do Projeto.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 18-04-07.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Em discussão o PLL nº 212/06.
(Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com a
abstenção da Verª Sofia Cavedon,
do Ver. Haroldo de Souza e do Ver. João Antonio Dib.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC. N. 4699/06 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N. 205/06, de autoria da
Ver.ª Clênia Maranhão, que institui o Dia pela Vida/contra a Pena de Morte, a
ser comemorado, anualmente, no dia 30 de novembro, passando a integrar o
Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre. Com Emendas no 01.
Pareceres:
- da CCJ. Relator
Ver. Carlos Comassetto: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CECE. Relatora
Verª Maristela Maffei: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CEDECONDH.
Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
em 19-03-07.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Em discussão o PLL nº 205/06.
(Pausa.) O Ver. Claudio Sebenelo
está com a palavra para discutir o PLL nº 205/06.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Srª Presidenta,
Srs. Vereadores, o Projeto da Verª Clênia Maranhão
parece, pelo seu título, paradoxal, porque ele confronta duas coisas, dois
pensamentos, duas idéias que estão absolutamente em antagonismo e, ao mesmo
tempo, em seqüência, ou, talvez, como diriam os filósofos, eles, ao invés de
estarem antagônicos, são exatamente a expressão maior na sua duplicidade de um
dos fatos mais inexplicáveis do que a morte, mais inexplicáveis do que a vida.
É exatamente a seqüência dos dois.
Vivemos em um planeta que, talvez, seja sui generis, e na
medida em que nós, na nossa pequenez do conhecimento, ainda não sabemos, e não
há prova provada de vida em outros planetas. Nós vivemos em uma terra, um planetinha pequeno em que, muitas vezes, pela violência,
pelos componentes eróticos do ser humano, o Eros da vida, e pelos componentes tanatísticos do ser humano, do Tânatos,
da destruição, que, em conjunto, formam um dos mais desafiadores enigmas
da humanidade; nós temos a luta pela vida e contra a pena de morte. Não há um
lugar do mundo em que se instalou a pena de morte, desde os primórdios da
história, em que houvesse uma melhora do ser humano com esse tipo de punição.
Ao contrário, em todas as instituições que estabeleceram a pena de morte, o
desafio à brutalidade, o desafio à criminalidade, foi muito maior, e então vimos, agravados aos problemas da pena de morte, as questões
dos erros jurídicos, inevitáveis, e o que é pior, irrecorríveis, já que nada é
mais irreversível do que a morte.
Então, hoje nós vemos o País se defrontando, não
com a pena de morte, mas com a morte, com a consciência da morte, neste
acidente aviatório, que é simbólico do descaso, da banalização da vida, pelas
próprias autoridades, e oficialmente pelo Estado, porque nada interessa ao
Estado sobre aperfeiçoamento. Neste País, o conhecimento não vale mais, e nós
podemos, porque ele fala “erradinho”, como todos nós; então, pode,
um Presidente, falar errado, pode não ter nível, pode empurrar com a barriga as
providências, e, de repente, o País inteiro se vê agredido pela barbaridade
ocorrida, não no ar, mas no chão, no solo. É essa tragédia que nos mostra,
naquilo que Milan Kundera chama da “A Insustentável
Leveza do Ser”, de estar aqui e, daqui a pouco, não estar mais. Então, é nesse
sentido que vemos o quanto a pena de morte é uma
mensagem de morte, é uma mensagem profundamente de descrédito e de depressão,
de uma depressão coletiva num planeta, Ver. Sebastião Melo, que, de 1950 para
cá, teve mais de 20 grandes genocídios, desde a Guerra do Vietnã até a Guerra
do Iraque, depois de uma das guerras mais fratricidas que essa humanidade teve
que foi a 2ª Guerra Mundial, e com as hecatombes atômicas. E ainda se fala em
pena de morte, quando nós queremos é a vida, nós queremos é a regeneração, mas,
principalmente, nós queremos uma sociedade muito mais humanizada, muito mais ambientalizada e onde o reinado do amor presida as
relações, e não o do ódio, e, principalmente, o da destruição.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir o PLL nº 205/06.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta,
Verª Maria Celeste; Sras Vereadoras,
Srs. Vereadores, desde logo eu vou colocar a minha posição de me abster de
votar todos os Projetos que forem colocados em votação no dia de hoje. Faço
isso com a tranqüilidade de quem está presente do início ao fim de cada Sessão,
pois tinha, para serem votados ontem e para serem discutidos hoje, dois
Projetos. O primeiro, era um Projeto de Resolução de importância - no
entendimento deste Vereador, acho que era importante -, porque as seis
Comissões da Casa deram voto favorável. O segundo, uma alteração da Lei
Orgânica para a substituição do Prefeito: quatro Comissões deram parecer
favorável e duas deram parecer contrário. Se esses Projetos não são
importantes, eles podem ser procrastinados. Falaram que um deles seria um
pedido adiamento, e eu disse, com toda a tranqüilidade, que se quisessem adiar,
não teria problema, mas eles não foram adiados; foram retirados da Ordem do
Dia.
Eu uso o direito regimental que é de abster-me
de votar, mantendo, com a minha presença, sem dúvida nenhuma, quórum necessário
para que a Casa não interrompa as suas atividades de discutir e votar as
matérias distribuídas hoje.
Quero lastimar que, mesmo tendo estado presente
na reunião de Mesa e Lideranças, quando se acertaram os projetos
que seriam votados ontem e hoje, de repente, os meus são excluídos. Mas eu
acredito que a sabedoria da maioria dos Vereadores é maior do que aquele pouco
que eu sei; eu me resigno e apenas me abstenho de votar. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Adeli Sell
está com a palavra para discutir o PLL nº 205/06.
O SR. ADELI SELL: Verª Maria Celeste, colegas Vereadores e Vereadoras, pelo
que pude depreender da fala da Líder do Governo, ela escolheu esta quinta-feira
para votar o seu Projeto por causa da TVCâmara,
porque vamos discutir um grande tema, um tema candente, que é a pena de morte.
Que bom! Porque eu também posso falar como Líder do meu Partido, que faz
oposição responsável, que não inventa, que mostra
fotografias aqui de como está o Centro, mas também tem a compreensão de ouvir a
Verª Clênia nas questões de direitos humanos, na
questão da defesa das mulheres. Porque nisso Verª Clênia, sempre fui, sou e provavelmente sempre serei... porque tenho consciência de que a senhora continuará com as
suas batalhas em defesa dos direitos humanos, contra as agressões às mulheres,
da defesa, principalmente, do direito dos consumidores. Nós estamos de acordo, Verª Clênia; precisamos de uma
data para marcar esta questão. Porque se os Srs. Vereadores e as Sras.
Vereadoras recebem os e-mails que estou recebendo no meu computador, é
preocupante! Porque existe uma direita raivosa que ainda não se deu conta de
que a ditadura militar foi enterrada, que este tipo de postura autoritária está
sendo enterrada nos quatro cantos do Planeta, que essas
marchas que nós já vimos algumas décadas atrás, são sempre com o mesmo viés
autoritário. Quando há um ato de violência grosseiro, brutal, o tema
volta: pena de morte.
Nós queremos dizer que é preciso guardar a
infância para não ficar discutindo antecipação da maioridade penal. É preciso
defender os direitos humanos, mas também é preciso defender a lei para a gente
não discutir pena de morte. De que adiantou a pena de morte no mundo? Estão aí
vários estados dos Estados Unidos da América do Norte para demonstrar o
fracasso desse tipo de lei. Nós queremos, sim, sempre, absolutamente sempre, o
cumprimento da legislação, nós queremos defender a vida, nós nos colocamos
contra todas as usurpações da dignidade do ser humano, por isso que nós estamos
aqui, sim, para dizer, tanto numa segunda, numa quarta ou numa quinta, que nós
sempre estaremos aqui, Ver. Clênia Maranhão, para
defender uma idéia, como a de V. Exª, no caso, a de marcar um dia para que a
gente lembre dessas questões importantes, que a gente não aceita a pena de
morte.
Eu sei que hoje o senso comum vai
no sentido contrário, mas eu quero alertar que o papel da vanguarda,
daqueles que pensam no futuro, que têm responsabilidade de fazer as leis,
aqueles que têm a responsabilidade de cuidar da coisa pública, é apontar esses
equívocos. Por isso, com muito orgulho, eu venho aqui, divergindo naquilo que
tiver que ter divergência, mas apontando, sim, as confluências de idéias
naquilo que é bom para toda a sociedade. Muito
obrigado. Verª Clênia, eu
voto com V. Exª (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Ver. Maristela Maffei está com
a palavra para discutir o PLL nº 205/06.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Srª Presidenta,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
senhoras e senhores, Verª Clênia, mais uma vez, em
relação à questão dos direitos humanos e de gênero, o corte, eu não tenho
dúvida absolutamente nenhuma, de que este corte dado nesta Casa, em especial
das Parlamentares e, também, com o apoio de grandes Vereadores, é, sem dúvida,
um mérito. E sempre faço esse elogio pela sua forma de olhar para a sociedade em
defesa da questão dos direitos humanos.
E nós temos visto algumas pessoas, infelizmente,
nesta Casa, a ter alguns retrocessos em relação à questão dos direitos humanos
e que buscam facilmente um apelo eleitoral. Com um discurso mais fácil, mais
populista, Vereador, é mais fácil chegar ao coração das pessoas, quando elas
estão, a maioria, em dramas pessoais e não favorece, no sentido da discussão,
para ver as causas dos problemas que nós vivenciamos. Então, buscam soluções
mágicas. Eu lembro da questão da maioridade penal. Nossa! Inclusive pessoas
ligadas a setores mais avançados correram, acredito que muito preocupados com a
questão, logo ali, de resultados eleitorais, entraram na discussão do senso
comum.
Nesta questão, por exemplo, Ver. Ervino Besson, dos acidentes de
trânsito em Porto Alegre, nós pegamos aqui até o mês de maio, e há 2.083
vítimas de acidentes, em Porto Alegre!
E, aí, no Jornal Zero Hora, diz, aqui, num
cantinho bem pequeno - digo isso, para as viúvas da Ford -: “Vendas de carros
têm o melhor mês da história”. Palmas, para o desenvolvimento desta Pátria
amada, porque acham que o desenvolvimento passa por montadoras de carro, quando
não se preocupam com a vida humana.
Nos países desenvolvidos, Ver. Wilton Araújo - o senhor que, pelas suas feições, está
totalmente favorável ao meu discurso -, a gente percebe que nos países europeus
não se usa mais esse tipo de pena de morte; eles se preocupam com a vida
coletiva e, portanto, o transporte coletivo está em primeiro lugar. E tem uma
fila a favor da redução da idade penal, porque é mais fácil. Agora, eu não vi
aqui os Vereadores, naquele caso, quando os filhos de famílias da classe média
alta disseram que, achavam tratar-se de uma prostituta e, portanto, podiam
bater nela. Essas penas de morte nós também temos que discutir, aqui. Por quê?
Porque a menor idade bateu às suas portas, dos brancos, loiros maravilhosos,
com dinheiros polpudos e que são mandados para clínicas psiquiátricas quando
têm um problema de conduta. Vamos enfrentar esse debate de pena de morte.
Portanto, Verª Clênia Maranhão, é muito ampla a lógica que a senhora
coloca neste Projeto. Não é apenas uma questão legal que vai dizer que este
País instituiu a pena de morte, quando ela já está instituída, quando nós
vivemos num país livre - entre aspas - e não tem dinheiro para entrar num
supermercado, quando nós vivemos num país livre e não tem dinheiro para entrar
numa universidade. Então, eu quero enfrentar junto com a Verª
Clênia Maranhão todos os tipos de pena de morte que
nós vivenciamos diariamente. Preocupam-se muito com a questão do Fidel Castro,
quando os caras vão embora para a Alemanha, subornados
pelo dinheiro capitalista, mas não se preocupam com o seu país, quando nós
temos várias penas de morte. Então, nós temos que enfrentar este tema na
amplitude necessária, e aí, Verª Clênia
Maranhão, o PCdoB está aqui para votar com V. Exª,
com louvor, o Projeto que é responsabilidade de todos nós. Por isso, Senhoras e
Senhores, com tudo isso e mais aquilo que a gente não pode expressar, pelo
tempo, quero dizer que é esse tipo de projeto que dignifica uma Casa como a
nossa. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Bernardino Vendruscolo
está com a palavra para discutir o PLL nº 205/06.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Verª Maria Celeste,
Presidenta desta Casa; Sras Vereadoras,
Srs. Vereadores, eu já sei que não vou levar palmas dos meus queridos pares. A
não ser palmadas, que eu peço que fiquem para outra oportunidade. Já sei,
também, que vou levar alguns puxões de orelhas das minhas filhas; já sei
também, que muitos conhecidos, muitos amigos, vão reclamar da posição que tomo,
mas digo que sou a favor da vida, claro que sou. Sou a favor da vida daqueles
jovens, daquelas crianças que estão aí nas sinaleiras, daqueles jovens,
daquelas crianças que são maltratadas pelos pais, pela própria vida. Agora,
será que nós não salvaríamos mais vidas se nós eliminássemos aqueles criminosos
que cometem crimes sérios, crimes de estupro, homicídios, vários outros? Eu não
falo aqui de alguém que comete um crime isolado e que tem que pagar pelo crime
que cometeu, porque assim dizem os nossos regramentos. Agora, em detrimento
daqueles que precisam de recursos para sobreviver, conservar certos indivíduos
condenados à pena de morte na cadeia, porque são condenados por muitos e muitos
anos, e que lá permanecem, dando unicamente despesas. Aqueles que praticaram
crimes e se sabe serem irrecuperáveis; aqueles que a sociedade perdeu tempo de
recuperar, quando ainda eram jovens; aqueles que hoje nós não temos mais como
chamar de seres humanos, porque não têm consciência, não têm poder de
raciocínio do que é bem e do que é mal. Para esses criminosos, sinceramente,
sou favorável à pena de morte.
Eu tenho exemplos na própria família, e não é
por esses exemplos, não é por ter um irmão assassinado por bandidos, que faço
isso de forma emotiva. Não, é porque tenho convicção de que para determinados
presos, por cometerem crimes sistemáticos e crimes especiais no sentido negativo,
que são os estupros, os homicídios em série - com todo o respeito a meus Pares
-, sou favorável à pena de morte. E, se fosse possível, enterrá-los - como já
ouvi outro dia - em pé para não tomarem espaço; eu estaria lá me somando a essa
fileira de brasileiros, que são poucos; mas eu prefiro fazer este discurso e
assumir esta postura do que trair a minha própria consciência. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Verª Sofia Cavedon está com a
palavra para discutir o PLL nº 205/06.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores; Verª Maria Celeste, Presidenta desta
Casa, também venho aqui me posicionar a favor do Projeto. Para marcar a nossa
posição neste País pela vida nós temos que tomar todas as medidas que forem
necessárias.
Nós vivemos no Brasil um
momento dramático nesta questão. Dramático! Eu diria, Verª
Clênia, que a pena de morte existe. Hoje, conversando
com a Diretora da Escola Léa Rosa, ela contava que,
na festa de São João que ela fez recentemente, um ex-aluno de 14 anos estava
armado; não sabiam, e, na segunda-feira, ele foi morto. E aconteceu aqui no Parobé. E todos os dias morrem jovens, na maioria meninos,
também muitas meninas, por violência, neste País; e morrem por morte
determinada por grupos, mortes encomendadas; mortes determinadas pela falência
da política pública de segurança, pela falência de nós, adultos, de
conseguirmos enfrentar e entender o problema da violência.
Eu, muitas vezes, pergunto: quando é que vai
“cair a ficha” de quem tem, como nós, aqui, condições
de moradia, de quem hoje detém a concentração de poder, de terra, de renda?
Quando vai “cair a ficha” de que a nossa sociedade, a
sociedade capitalista... E aí eu não faço atribuição apenas ao sistema, mas ao
sistema que determina uma profunda desigualdade social, que determina que
muitos não poderão ter condições mínimas de
sobrevivência, Ver. Dib. Esta sociedade joga a grande
maioria da nossa população para ficar à mercê da droga, para ficar à mercê das
atividades ilícitas e não ter condições de organizar a sua vida de uma forma
saudável.
Esta semana, em função dos jogos do Pan - não sei o resultado -, o Lauro, na Rádio Gaúcha, fez
um debate sobre os motivos da deserção dos atletas cubanos, Ver. Haroldo: por
que os atletas cubanos desertaram de suas equipes - quatro atletas -: por causa
do autoritarismo ou por causa do boicote econômico?
Eu estive em Cuba no início deste ano. Cuba vive
um drama neste momento; viveu muitos dramas, vive o drama do boicote econômico
- que é crime, que é criminoso -, que os Estados Unidos estabeleceram para um
pequeno País, pobre, que busca a sua autonomia, a sua soberania. Bom, qual é o
último drama que vive Cuba, que encontrou no turismo uma fonte de recursos para
a sua soberania, para a sua sobrevivência, Ver. Braz? Qual é o drama? Os jovens
cubanos estão convivendo com os turistas, que vêm com as benesses do
capitalismo. Quer dizer, os poucos privilegiados do capitalismo de diferentes
países, vão lá, admiram o patrimônio histórico, cultural, a beleza natural, a
alimentação, a culinária, a cultura de Cuba. Admiram e vão lá, por quê? Porque
tem segurança em Cuba, Ver. Oliboni, porque Cuba é
extremamente segura. Ah, vão dizer: porque tem uma grande polícia. Também
porque tem polícia, também porque tem um sistema de segurança, mas porque em
Cuba a vida está em primeiro lugar, os jovens estão
todos na escola. E aí tem que “cair a nossa ficha” no sentido de que Cuba ficou
em segundo lugar nas tais das medalhas dos Jogos Pan-Americanos, logo depois do
país mais capitalista, mais rico do mundo, e mais autoritário, que tem pena de
morte. É, Cuba, em segundo lugar! Os jovens de Cuba vivem, desde a infância, os
valores da vida. E, agora, os valores da morte, do consumo, estão prostituindo
os jovens de Cuba; são os nossos valores, Ver. Sebenelo, os nossos valores capitalistas. Aqui, a gente
aprende desde pequeno que a gente vale se a gente tem, se a gente consome; é o
que determina que tenha pena de morte neste País e em muitos países.
Eu sou contra a pena de morte, como política de
prevenção ou punição, ou política de segurança; sou contrária.
(Aparte anti-regimental do Ver. Claudio Sebenelo.)
A SRA. SOFIA CAVEDON: Eu não entendo
que com violência a gente resolva a violência. Estabelecer a pena de morte é a
mesma medida que diminuir a idade da maioridade penal; é penalizar os já
penalizados.
Nós temos que olhar para as nossas instituições
públicas, olhar para o nosso sistema, que determina a morte. Não tem saída sem
redistribuição de renda, sem escola para todos, sem estado público forte,
financiado, sem a gente repartir o que poucos hoje usufruem. É disso que
precisamos nos convencer, para ter um Estado que possa colocar todas as
crianças e adolescentes na escola, não é Ver. Dib?
Turno integral, trabalho educativo, cultura, esporte; não teríamos tanta pena
de morte. E, por enquanto, que fiquemos marcando um dia e evitando que se
aprofunde ainda mais a violência neste País.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PLL
nº 205/06.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, dizia Albert Einstein que somente duas coisas são infinitas: a
estupidez humana e o Universo. Mas ele não estava certo quanto ao Universo.
O primeiro Código Penal Brasileiro foi feito
para condenar escravos. O segundo Código foi para condenar ex-escravos e o
terceiro, os desvalidos. Vou dar um exemplo que esta Casa compreende muito bem.
Se alguém, lá na Ponta Grossa, furtar um botijão de gás e for pego pela
Polícia, e havendo inquérito policial, a sua pena será capaz de ser maior do
que alguém que lava um milhão de reais no sistema financeiro. Com isso, eu
quero dizer que nós temos um sistema penal que foi concebido por essa elite que
aí está, e que permite que os “homens de Brasília” continuem soltos; e que
navegam em todas as matizes políticas.
Verª Maristela Maffei,
V. Exª discorreu aqui sobre a questão da menoridade penal, sobre a questão do
ECA. Esse é um debate mais profundo. Eu não quero mudar o ECA
do ponto de vista da sua maioridade penal. Mas eu não posso também permitir que
um sujeito que tenha 16, 17 anos, que comete um crime bárbaro, fique apenas
três anos, não no estabelecimento penal, mas numa medida sócio-educativa. Isso
está errado! O cidadão que praticou esse tipo de ato delituoso, ele não tem
condições de voltar à sociedade; quem estuprou aos 16, aos 17 anos, ou matou
alguém, não tem condições de voltar, ao final dos três anos, a conviver com a
sociedade! Não precisa mudar a idade penal, mas eu não posso deixar de olhar
para esta questão, para a questão pontual, para aquele caso específico.
Os Estados Unidos, que, para mim, não são
exemplo em quase nada, mas, lá, os Estados têm autonomia para produzir
legislações penais. Portanto, o Estado do Arizona pode ter pena capital, o da
Virgínia não ter, e assim por diante. E as estatísticas de trabalho produzidas
pela OAB do Rio Grande do Sul - e lá estive em vários debates - nos dão conta
de que a pena de morte não reduziu o barbarismo e a criminalidade, pelo
contrário. Pelo contrário, Ver. Elói Guimarães; nos locais onde tem a pena de
morte os crimes se tornam muito mais bárbaros, porque quem comete o crime não
quer deixar rastro! Portanto, se tem dez, mata dez, se tem quinze, mata quinze!
Eu acho, como diz o
ditado budista: o problema das pessoas está nos seus corações. Eu acho que o
que nós temos de mudar neste País, em primeiro lugar, é o seguinte: lugar de
criança é na escola, é na família, é ter dignidade humana, lutar pelo
planejamento familiar. Desculpem-me, pois quando eu vejo alguns Deputados
Federais, para arrumar voto em Brasília, dizerem: “Eu vou fazer, neste País, um
Projeto de pena de morte”, isso tem nome, é demagogia! Porque se eu estabelecer
a pena de morte neste País, eu vou matar negro, desdentado, pobre! Porque, para
mim, o pior ladrão que tem neste País é aquele que rouba o dinheiro público! É
aquele que tira a casa popular, que tira o asfalto, que tira o dinheiro que
iria servir para dar dignidade ao ser humano, e a estes, com a pena de morte,
nunca a guilhotina atingirá! Mas aqueles que têm de entrar numa fila da
Defensoria Pública para pegar uma ficha para serem atendidos daqui a uma
semana, pois esses vão para o corredor da morte!
Portanto, um sistema penal falho como o nosso,
um Judiciário com extremos problemas como o nosso, com instituições falidas, me
desculpem, não sou parceiro para trabalhar esta causa deste jeito.
Mas acho, também, que não dá para encerrar,
dizendo que o sistema processual penal, a Lei de Execução Penal está correta no
País. Pelo contrário, precisamos passar a limpo, porque essas legislações estão
ultrapassadas. Encerro, dizendo que nós temos, hoje, no Rio Grande do Sul, 20
mil mandados expedidos pelos juízes das mais diversas comarcas! E eu pergunto:
onde é que nós vamos colocar mais 20 mil presos no sistema carcerário do Rio
Grande do Sul, se não há dinheiro para pagar a folha de pagamento dos
funcionários estaduais? Muito obrigado, Srª
Presidenta.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO (Questão de Ordem):
Srª Presidenta, o Projeto é composto por dois
artigos: o artigo 1º e o artigo 2º. O então Ver. Raul Carrion
ingressou com uma Emenda, alterando o art. 1º. Eu consulto V. Exª, e também o
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, porque o meu entendimento é
de que, neste caso, caberia um Substitutivo e não uma Emenda.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Eu pediria que V. Exª deixasse o Projeto aqui na Mesa e eu
já lhe responderei sobre esta questão.
O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para
discutir o PLL nº 205/06.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Verª Maria Celeste,
colegas Vereadores e Vereadoras, sem dúvida, esta discussão é uma discussão
apaixonante, porque diz respeito à vida, à sociedade, à maneira como ela se
organiza, à sua forma de punir aqueles que, por acaso, não obedecem a estrutura
legal do País.
Eu quero, aqui, no debate, passar uma situação
que eu vivi, e o sentimento que eu tive, e, depois, fazer uma reflexão. No dia
31 de dezembro de 2002 - portanto, meio-expediente na Secretaria de Obras -,
decidi ir ao Centro da Cidade fazer uma pequena compra. Peguei um ônibus em
frente da SMOV, na Av. Borges de Medeiros, desci no
Centro e, ao caminhar, me roubaram o aparelho celular. Na seqüência, essas
mesmas pessoas que roubaram o meu celular estavam literalmente infernizando o
Centro, e a Polícia, tanto Civil, quanto Militar, atuou e pegou essas pessoas -
três homens. E eu, verificando aquela prisão, cheguei ao local, comuniquei que
também tinha sido roubado, e o policial me disse para eu ficar ali para prestar
depoimento. Eu quero confessar para os colegas e para a população que nos
assiste, que a vontade que eu senti, enquanto cidadão, era,
sim, de esbofetear aquelas pessoas, de chutar as pessoas. Eu senti isso,
confesso! E me assustei um pouco com aquele sentimento da pessoa, do ser
humano, o Guilherme. Portanto, isso é humano, isso é normal, isso é de todos
nós. Quem não se revolta ao sofrer um assalto, ao perder um parente numa
situação como essa? Mas, depois, refletindo calmamente, me dei conta de que uma
coisa é o sentimento da pessoa, do ser humano; a outra coisa, que é muito
diferente, é a decisão da estrutura jurídica de um País, que tem que ser fria,
no bom sentido da frieza, para não tomar decisões açodadamente; que tem que
usar a força para evitar a violência. A estrutura estatal e jurídica não pode
ser tolherdora - se essa palavra existe; se não
existe, me perdoem - da vida de alguém.
Em segundo lugar, o meu amigo, companheiro, pequeno-grande
homem, chamado Hélio Bicudo, um grande estudioso deste País, um dia estava
dando uma palestra sobre este tema em Porto Alegre, e mostrou uma estatística,
dizendo que nos Estados Unidos da América do Norte, onde existem,
Ver. Bernardino Vendruscolo, os criminosos em série,
exatamente lá, onde a maioria dos estados tem lei de execução das pessoas, cada
vez que um marginal é morto, o crime recrudesce. Está estatisticamente provado
que a marginalia - se a gente pode dizer assim - não se assusta com isso; não
tem nada a perder e, cada vez que um dos seus é punido com a pena máxima, eles
reacendem, cresce a violência pesada nos Estados Unidos da América do Norte.
Portanto, não resolve; não resolve!
Como disse a Verª
Maristela Maffei - quero concordar com ela: a pena de
morte no Brasil já existe! Foram quatrocentas e tantas mortes no Estado. O
Governo do PSDB, neste momento, é que tem que responder a isso! Já cresceram
tremendamente as mortes. Se houver um levantamento, verão que as pessoas, na
grande maioria, não tinham 30 anos; as pessoas eram pobres - Ver. Sebastião,
que também tocou nesse assunto. Portanto, aqui vai acontecer uma coisa
interessante, Verª Clênia
Maranhão: nós, oposição ao Governo, neste momento, vamos votar, os nove
Vereadores do PT, favoravelmente ao seu Projeto. Agora, eu duvido que grande
parte da base do Governo Fogaça vá votar a favor do
seu Projeto. Alguns são corajosos, como o Ver. Bernardino - o elogio por isso
-, e, outros, caladinhos, mas votarão contra o Projeto de Vossa Excelência. É
importante isso: nós temos que marcar que somos contra, na cidade de Porto
Alegre, a pena de morte, porque ela não resolve a criminalidade. Nós temos que
construir outra sociedade, outro País para, de fato, não existir a pena de
morte contra os pobres, como já existe hoje, porque a violência, que é grande e
crescente, é gerada principalmente pelo tráfico, e a gente sabe que quem
coordena isso não é o “Zezinho” lá da vila - esse é o que morre! Quem coordena
e comanda está nos bairros ricos, tem avião, tem carros importados, mas é
preciso criar uma outra sociedade para esse combate. Mas é importante que em
Porto Alegre a gente marque uma posição, e esta Câmara, que sempre foi
progressista, eu espero que aprove o Projeto de Vossa Excelência. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): A Verª Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir o PLL nº 205/06.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, nós estamos discutindo, nesta tarde, um Projeto de Lei de
minha autoria, que institui o Dia pela Vida/contra a Pena de Morte a ser
comemorado, anualmente, no dia 30 de novembro, no nosso Município, passando a
integrar um calendário internacional de uma rede de centenas e centenas de cidades
do mundo que comemoram essa data. Eu quero dizer para as Sras Vereadoras e
aos Srs. Vereadores que a instituição desse dia partiu de uma iniciativa da
comunidade de Santo Egídio, na Europa, exatamente para comemorar a conquista,
na Itália, desse avanço civilizatório. Para nós,
brasileiros, desde a Constituição de 1988, não temos a possibilidade de
instituir no Brasil a pena de morte, porque a Constituição Brasileira tem uma
cláusula pétrea que proíbe isso, e esta não pode ser modificada por uma Emenda
Constitucional; apenas uma outra Constituição do País poderia revogar essa
decisão constitucional do País. Porém, o que nós estamos discutindo é um ato
simbólico, que eu acho que tem a cara de Porto Alegre, que é uma Cidade
reconhecida no Brasil, e fora do Brasil, como uma cidade solidária,
democrática, participativa, uma cidade cidadã. Eu acho que, com isso, nós
reafirmamos uma identidade da Cidade; com isso nós reafirmamos um conceito que
formou as gerações das diversas etnias que hoje compõem essa multiculturalidade, essa multirreligiosidade,
que é a marca da nossa Cidade.
Eu queria lembrar às Sras Vereadoras e
aos Srs. Vereadores que, em vários países do mundo, infelizmente, segue a pena
de morte, e países com sistemas políticos bem diferenciados. Nos Estados
Unidos, por exemplo, vários Estados têm pena de morte. Eu visitei uma entidade
americana que mostrava que as grandes vítimas da pena de morte eram negros, pobres e imigrantes, muitos deles latino-americanos.
A China é o País que mais mata pessoas com a
pena de morte. Portanto, o que nós estamos discutindo aqui não é uma questão
ideológica ou política de um País para outro; o que nós estamos discutindo aqui
é um conceito, um jeito de ver o mundo e de respeitar a vida. E quando a
comunidade de Santo Egídio estabeleceu esta data foi no sentido de fazer
com que muitos e muitos países repensassem esses procedimentos. Queria dizer, às Sras.Vereadoras e aos Srs. Vereadores que inclusive em
países que instituíram a pena de morte aumentou o índice de criminalidade. Há
muitas pesquisas sobre isso. Queria dizer, ainda, que em muitos países matam as
mulheres por crime de adultério e matam homens e mulheres pelo crime de homofobia. É disso que se trata. O mundo, mesmo estando no
século XXI, preserva em grande destaque a barbárie, o extermínio, e o
pensamento de alguns que acham que podem tirar a vida de seus semelhantes.
Para concluir, eu queria lembrar às Sras Vereadoras e
aos Srs. Vereadores que o Brasil avançou muito, melhorou muito, porque durante
300 anos, no Brasil, as mortes foram feitas pela mão do Estado. Lembro, apenas,
alguns dos grandes brasileiros que foram vítimas da pena de morte, justificadas
pelo Estado: os índios, aqueles que não eram das etnias dos colonizadores... E
lembro, para concluir, Tiradentes, que hoje nós reconhecemos como um dos mártires brasileiros, que foi morto e esquartejado, e sua
cidade natal pôde presenciar a barbárie dos pedaços do seu corpo
pendurados nos postes da cidade. Eu queria lembrar Calabar. Eu queria lembrar
Frei Caneca, que só não foi morto, porque o carrasco se recusou a fazer a
execução. Eu queria lembrar que Calabar, que teve vários dos seus companheiros
vítimas da pena de morte, foi o líder de uma revolução. Assim como no Rio
Grande do Sul nós tivemos a Revolução Farroupilha, em Pernambuco tivemos a
Confederação do Equador. O Estado de Pernambuco reclamava da dependência do
Poder Central e exigia a sua autonomia e a sua independência; os seus líderes
foram mortos com a pena de morte instituída pelo Estado. Portanto, as verdades,
às vezes, não são absolutas. O Brasil não tem pena de morte, está garantido na
Constituição Brasileira. Mas não é isso que nós estamos discutindo aqui; nós
estamos discutindo uma característica de Porto Alegre, do povo brasileiro, que
tem construído a sua história com lutas, com sacrifícios, nós estamos
discutindo aqui o ideal dos democratas e daqueles que lutam por uma sociedade
mais civilizatória, mais igualitária, mais justa e
mais humana.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): O
Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLL nº
205/06.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Presidenta, Verª Maria Celeste, trata-se de um tema de grande
complexidade. Há uma disposição pétrea na Constituição Federal que proíbe a
pena de morte; agora, os sentimentos populares - e nem precisaríamos desafiar
aqui a um plebiscito - são favoráveis à pena de morte. Mas se haverá de dizer:
“esse é um assunto que não deve ser levado a plebiscito”. Eu acho que este é um
assunto que deve ser levado a plebiscito, para se ouvir, na profundidade, a
população, porque, se nós invocamos diuturnamente a vontade popular sobre os
mais complexos temas, por que não levar à população a oitiva de se ela quer ou
não a pena de morte? Trata-se de um tema complexo, muito complexo! Eu não sei
se alguém aqui neste Plenário subscreveria a não-punibilidade, com a pena de
morte, do bandido da luz vermelha. Eu não sei se alguém não subscreveria aqui, Ver. Dr. Goulart - tenho minhas dúvidas - à pena de morte,
aquele que matou jovens, mulheres, crianças, de forma sucessiva. Se nos
indagassem se o deveríamos mandar à pena de morte, o que faríamos aqui? Qual
seria a nossa posição aqui? Isso vale para outros! O que faríamos diante da
brutalidade, da delinqüência que mata um, dois, três, que toma meninas, as
estupra e mata?! O que faríamos diante disso? Qual seria a reação? Bom, seria
uma reação epidérmica. Uns a têm mais. A gente é que tem sangue de barata, é
verdade, mas...
Então, trata-se de um tema complexo. Nós
precisamos de quê? De políticas públicas exatamente para resguardar a
sociedade, porque a pena de morte está decretada pelo bandido. O bandido acabou
de decretar não só aqui, em nosso País - mas, fundamentalmente, em nosso País
-, a pena de morte. Ele toma o carro do cidadão e ainda lhe toma a vida?! Mas
que leve o carro e deixe a vida! Diante disso, e aí? Aí se desvia para o
problema social. Então, vamos deixar de acusar os pobres. Claro que o problema
social está na raiz dos problemas todos.
Agora, não me parece com profundidade que a
questão daquele que tira a vida de forma dura e cruel do seu semelhante seja em
decorrência do problema social. Será que ele não tem razão? A sua cabeça se
comprometeu de tal ordem que ele não diferencia entre o bem e o mal? Nessas
condições, ele tem que ser mandado, Ver. Goulart, para o manicômio
psiquiátrico, ele tem que ser tirado da sociedade. Então, o que eu entendo
disso, Presidenta? Eu entendo que o delinqüente tem que ser afastado do meio
social. O que nós temos hoje? Nós temos hoje uma penalização.
Vejam só: quem comete crime hediondo cumpre um sexto
da pena, é liberado e continua matando!
Então, eu tenho dificuldades em aprovar este
Projeto, embora não tenha, vamos dizer assim, nenhum entusiasmo aqui em
defender a pena de morte. Não tenho, absolutamente não! Absolutamente, não
tenho, porque se trata de algo estúpido, algo impactante.
Agora, também não posso assistir, a sociedade agredida
não pode assistir o fato de ser permanentemente assolada, o pai ver a sua filha
ser imolada, e por aí vai. Nós atingimos índices assustadores no que diz
respeito à delinqüência.
Então, eu quero dizer que não, Ver. Haroldo;
quero dizer aqui, dada a complexidade do problema, que
não voto a favor do Projeto, mas tenho dificuldades também de sustentar a pena
de morte, dada a sua complexidade - essa é toda a verdade. Agora, não voto no
Projeto, embora sabendo que seja uma cláusula pétrea da Constituição que proíbe
a pena de morte. Mas, diante do quadro de horror que vive a sociedade, sendo
imolada de forma cruel, inclemente, eu não tenho condições de votar a favor.
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Carlos Comassetto está com
a palavra para discutir o PLL nº 205/06.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Srª Presidenta,
Verª Maria Celeste; colegas Vereadores, Vereadoras, senhores e senhoras, quero
cumprimentar a Verª Clênia Maranhão por trazer este
Projeto ao Legislativo. O Projeto parece ter um grau de simplicidade, mas traz
no seu conteúdo um grau de profundidade na elaboração e na definição do
conceito de que sociedade queremos, como construtor da
sociedade da paz.
E o Projeto da Verª Clênia também traz as duas facetas: traz a defesa do Dia
pela Vida contra a Pena de Morte, Ver. Elói. Ele não é um Projeto que só condena
a pena de morte, pois, antes de condenar a pena de morte, está afirmando a
defesa de um dia pela vida, pois, na verdade, esse dia pela vida são todos os
dias de nossas vidas, e da vida da sociedade que queremos.
Portanto, discutindo aqui o viés da pena de
morte, também podemos pegar por dois caminhos: há a pena de morte oficial, a
institucional, que o Estado determina - de que sou radicalmente contra -, como
há pena de morte que é subjetiva, instaurada nas políticas que a sociedade e o
Estado desenvolvem.
Eu quero me referir sobre essas políticas que
nós aqui, legisladores, construímos no dia-a-dia e buscamos a sua
aplicabilidade para que as políticas públicas alcancem toda a sociedade, e não
orientem, não determinem que haja mortes. Se nós pegarmos, Ver.
Dr. Goulart, a Saúde pública do nosso País, com a responsabilidade do nosso
Estado, do nosso Município, lá na ponta ela deixa a desejar. E, com isso,
contribui para que milhares, centenas de mortes aconteçam devido à falta de
estrutura. E nós temos a responsabilidade de trazer esse debate.
Quando nós viemos para esta tribuna, Verª Margarete Moraes, e quando
recebemos, na nossa Comissão de Direitos Humanos, os trabalhadores da Saúde,
que condenam o Governo do Estado de não repassar para Porto Alegre, nestes
últimos dois anos e meio, 33 milhões de reais, isso é uma política que
contribui ou não contribui para uma pena de morte subjetiva? E que também não
contribui para a afirmação do Dia pela Vida. O mérito da Verª
Clênia em trazer este debate é que possamos fazer
também essas reflexões.
O Sr. Aldacir Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Comassetto, é
de extrema importância isso que V. Exª está falando, porque, se nós andarmos
pela rua, em qualquer esquina, há crianças pedindo alguma coisa. Ao chegarmos em casa, podemos ser abordados por pessoas menores de idade
com uma arma. Por que isso está acontecendo na Cidade? É por falta de políticas
públicas que V. Exª está levantando? Ou é porque elas podem matar?
O SR. CARLOS COMASSETTO: Bem, o Ver.
Sebastião trouxe aqui a sua ênfase sob ponto vista judiciário, mas nós temos as
políticas públicas. Mais de uma vez já ouvi colegas aqui virem a esta tribuna
condenar o Programa Fome Zero, que é um Programa que tem por objetivo salvar
vidas, em que o tema é a fome. Morrer de fome é uma realidade que acontece em
nosso País; políticas públicas que eliminem isso têm de ser reconhecidas, têm
de ser orientadas, têm de ser corrigidas, têm de ser elogiadas. Ver. João Dib, fazer milhares de cisternas no semi-árido, onde as
pessoas morrem de sede, é trabalhar políticas pela vida. Portanto eu acho que
essa é a lógica e a grande contribuição que traz o Projeto da Verª Clênia para que possamos
refletir a respeito das políticas públicas.
E quero dizer que há a pena de morte oficial, de
que sou contra, e lutarei sempre para que isso não se instale em nosso País e
no mundo. E a segunda, é ajudar a construir políticas públicas para que resolva
a pena de morte que está inserida no contexto da sociedade na sua subjetividade
e, muitas vezes, pela falta de política pública, sim. E quando há políticas
públicas no sentido de ajudar a qualificar e diminuir isso,
temos de trazer aqui para o debate e sempre ajustá-las. E acredito que o
País, neste momento, está nessa direção, construindo uma cultura da paz, e
sempre pela vida. Muito obrigado, senhores e senhoras.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLL nº 205/06.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidente, Verª Maria Celeste, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
senhoras e senhores, a Verª Clênia Maranhão com toda
certeza traz um tema importante para ser debatido aqui no plenário, mas nós não
podemos deixar de fazer algumas reflexões, assim como foram feitas por outros
Vereadores que passaram aqui por esta tribuna.
Ver. Brasinha, algum tempo atrás nós tínhamos
uma empresa do Rio Grande do Sul que era um orgulho para todos os gaúchos -
essa empresa se chamava Varig. Depois, por alguns interesses localizados,
algumas empresas menores, caso da Gol e TAM, acabaram
aparecendo no mercado e, com esse aparecimento no mercado, alguns políticos
ligados ao Partido dos Trabalhadores, como é o caso do Sr. José Dirceu, lutaram
muito para que a Gol pudesse ganhar dimensão maior no território nacional. E
por isso mesmo, contribuíram, esses políticos, para
que a Varig não resolvesse os seus problemas, porque era fácil explodir a
Varig, porque, explodindo a Varig, daria campo para o crescimento tanto da Gol
como da TAM e também a entrada de capitais estrangeiros para o campo da
aviação.
Eu quero lembrar, e nunca é demais lembrar, que
a Varig, na verdade, a maior da América do Sul, era uma das únicas empresas
para revisão de aeronaves. Com essa destruição, o Governo Federal acabou
montando um grupo de pessoas totalmente ignorantes no campo da aviação para
fazer com que empresas e aeroportos fossem fiscalizados, entre aspas, não
fossem fiscalizados, e aí colocaram na Anac alguém que foi do PDT aqui desta Casa, já passou por
esta Casa; colocaram, no Ministério da Defesa, ligado ao campo da aviação,
pessoas, todas elas, ligadas aos interesses do Partido dos Trabalhadores. Como
não houve e não estava havendo nenhuma fiscalização nas empresas de aviação e
também nos aeroportos, nós tivemos, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, um
acidente, para não citar os outros, mas um, por falta de fiscalização, que
matou 199 pessoas.
E nós estamos hoje aqui votando um Projeto da Verª Clênia Maranhão que é
contrário à pena de morte. Eu pergunto para os senhores e para as senhoras: a
falta de fiscalização nas empresas aéreas e nos aeroportos, a má política no
campo da aviação, será que tudo isso não condenou essas 199 pessoas à morte? E
o Governo Federal vai ser isentado de tudo isso? O Sr. José Dirceu vai ser
isentado de tudo isso? Ou vamos simplesmente dizer que o problema é da TAM,
como disse agora a Verª Sofia Cavedon,
ou como aquele cidadão ligado ao PT que fez o gesto que, de repente, enojou
toda a Nação, mas continua lá no Governo. Esses que foram condenados à morte
por falta de fiscalização, que foram condenados à morte por uma má política do
PT, esses, realmente, talvez quisessem que nós tivéssemos um outro destino,
Ver. Dr. Goulart, uma outra política no campo da aviação, outras atitudes por
parte dos políticos e não aquela de, simplesmente, querer lavar as mãos. É
claro que hoje vamos aprovar este Projeto da Verª Clênia Maranhão. Peço desculpas ao Ver. Brasinha, porque
acabei não lhe dando o aparte, coisa que realmente não costumo fazer.
Apesar de votar favorável ao seu Projeto, Verª Clênia Maranhão, pergunto se
V. Exª também simplesmente não quer condenar nenhum tipo de assassino, nem
mesmo os que matam por interesses particulares para satisfazer seus próprios
interesses particulares e interesses políticos? Quero saber se esses também
serão protegidos pelo Projeto de Vossa Excelência? Se esses forem protegidos, Ver. João Dib, com toda a certeza votarei contra; mas se esses não forem
protegidos, se apenas os outros é que realmente forem abarcados pelo Projeto da
Ver. Clênia Maranhão, com toda certeza confirmo meu
voto a favor.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra para discutir o PLL nº 205/06.
O SR. DR. GOULART: Srª Verª Maria Celeste, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, que assunto complexo, que assunto profundo, que assunto que
não nos chama sequer à deontologia e à ética, talvez
à razão, à racionalidade. Este Projeto para ter um pouco mais de firmeza, esta
discussão para ser séria deveria dizer: a favor da vida, contra a pena de morte
e contra o aborto. É assim que teria que ser. Quantos dos senhores que aqui
vejo, defendendo desesperadamente assassinos, estupradores, ladrões, latrocidas, defendem também o aborto. O que é o aborto? É
uma condenação à morte, aí sim, de um inocente que não matou ninguém, que não
estuprou ninguém, que não fez mal para ninguém. Quantas vezes
do aborto se tira, em pedaços, o pequeno boneco, se mexendo. Então, essa
discussão, para ser séria, tinha que ser ampla, senão ela não tem seriedade,
ela é seccional, ela é em partes, ela só fala de uma parte em que se esquece da
hipocrisia que o ser humano vive. Eu sou a favor da vida, fiz um juramento para
salvar a vida. Jamais faria a pena de morte, senhores, mas discutir se as
minhas autoridades vão aplicar pena de morte, é uma situação que me deixa em
dúvida. Eu teria que, aqui, lembrar para os senhores o que aconteceu com o
Lucas, de dois anos de idade, dentro da vila. O que aconteceu com a criança? Foi
morta a socos e pontapés pelo pai e pela mãe. Sequer tinha pai e mãe - monstros
- para o defender. Se soltarmos, matarão
de novo. Alguém falou do bandido da luz vermelha aqui, ele foi solto
após 30 anos; em um mês, tentou matar outra pessoa; foi assassinado em Santa
Cataria. Quem foi que disse que quando tem pena de morte aumenta a
criminalidade? Não é verdade! Onde estão esses dados? Isso é uma conversa para
depois falar em fome, falar em miséria, em falta de educação; é uma conversa
ideológica. Cadê os dados? Não é verdade isso! Como também não é verdade que se faz um milhão e meio de abortos no Brasil.
Quem é que mede isso? Isso é mentira. Pode ser muito mais, pode ser muito
mais; pode ser muito menos. As pessoas se ancoram em dados, enchem
a boca para justificar para as pessoas o seu pensamento ideológico, o que é uma
tristeza.
O Sr. João Carlos Nedel:
V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A sua fala tem o meu apoio e a
minha solidariedade. Meus parabéns!
O SR. DR. GOULART: Muito obrigado.
Então, meus queridos, ainda há pouco um artista da Rede Globo, em história
recente deste País, sustentou a sua amante, conteve-a dentro de um mato, para
que a outra amante lhe desse 117 tesouradas e a
matasse. A artista da Rede Globo, lembram todos os
senhores, filha da Glória Perez. Aí estão eles, felizes, tomando água de coco
no Litoral, cheios de glamour. Não tem o direito?! Quem mata o outro, quem rebenta, quem estupra e mata, quem assalta e
mata, não tem direito a tomar água de coco nos verdes mares do Sul! Não tem o
mínimo direito! E nós sabemos, como médicos, que 10% a 12% da população são
psicopatas e vão repetir hediondamente os crimes e vão ser soltos pelas leis
dos homens, leis bandidas. Por uma esquerda que se formou na Europa, em tempo recente,
e não quer punição. Por isso que existe impunidade no Brasil. Por isso que
existe impunidade no mundo. Por isso que não se quer pena de morte, não se quer
prisão perpétua e se quer que o crime hediondo progrida. Por quê? Porque esses
homens pretendem o Poder através de maneiras escusas e não querem ser punidos,
não querem ir para a prisão perpétua e não querem ser mortos na forca ou
através de uma injeção. Eu sou a favor da vida, eu sou a favor daqueles
inocentes que saem para trabalhar e não voltam, porque são assassinados; sou a
favor daquelas crianças que são estupradas e violentadas pela sua família. Se o
Projeto dissesse: a favor da vida, contra a pena de morte, contra o aborto, nós
até poderíamos pensar em votar. Não votarei no Projeto, porque essa é uma
discussão ideológica. Viva a vida! Abaixo a necrofilia,
abaixo o uso desta tristeza imensa para fazer discurso ideológico contra a
fome!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO (Questão de Ordem):
Srª Presidenta, eu passei a ter um certo cuidado em
razão de informações que saíram na imprensa, há poucos dias, da nossa
freqüência. Pelo que me consta nós somos 36 Vereadores e eu tento contar os 36,
mas falta um Vereador. Eu gostaria desta informação. Por que, no painel, nós
temos 35 Vereadores, quando nós somos em 36. Eu tenho dificuldade.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Obrigada, Ver. Bernardino Vendruscolo.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir o PLL nº 205/06.
O SR. ERVINO BESSON: Estimada Verª Maristela Meneghetti, que
preside os trabalhos neste momento; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16, eu queria
saudar todos. Nós temos aqui na Câmara Municipal três Vereadores médicos: Dr. Sebenelo, Dr. Goulart e Dr. Raul, três pessoas preparadas
para salvar vidas, e prestaram, sim, o juramento para salvar vidas, e assim, os
três profissionais prestam esse trabalho com muita dignidade e com muita
responsabilidade. Agora, eu pergunto a V. Exas.: e aquelas pessoas nocivas à
sociedade, que retiram vidas, covardemente, cruelmente, praticando crimes
hediondos, destruindo centenas e centenas de famílias?
No ano passado nós fizemos aqui um plebiscito,
todo o Brasil fez, perguntando se a população era a favor ou contra o
desarmamento, e a população foi e deu, sim, o seu voto contrariamente ao
desarmamento, num plebiscito que foi feito. Agora eu vejo que quanto a esse
Projeto de Lei, deveríamos, sim, ouvir a população deste País. Essa, sim, seria
uma verba muito bem aplicada: ouvir a população para saber se é a favor ou
contra a pena de morte. Quantas famílias são brutalmente destroçadas por crimes
bárbaros que acontecem neste País, Ver. Brasinha? E mais, o mais alarmante
disso tudo é que são pessoas que retomam a criminalidade. Não bastam um, dois,
três crimes bárbaros. Soltos, eles cometem outros crimes. Então, tem que ouvir,
sim, a opinião pública. Nós queremos vida, sim, mas qualidade de vida para
todos. Agora, sobre a destruição de diversas famílias com esses crimes brutais,
aí nós temos que ouvir a opinião pública, aí cabe um plebiscito. Temos que
ouvir o que a população pensa, se é a favor ou contra a pena de morte.
Eu sei que há vários Vereadores e Vereadoras
desta Casa que sentem na carne, como V. Exª, Verª
Maria Luiza, que é esposa de um policial militar, e ele sabe, como poucos, dos
crimes bárbaros que acontecem no nosso País. São pessoas que deveriam ser
julgadas de uma forma diferente do que está acontecendo. Acho que é uma ampla
discussão a ser feita com a sociedade, é o momento de ouvir o que pensa a
sociedade. Vamos fazer, sim, um plebiscito. A voz do povo é a voz de Deus!
Talvez a voz do sofrimento dessas centenas e centenas de famílias fale mais alto e sirva de alerta para o nosso Poder Judiciário, para
as nossas autoridades.
Hoje, o crime organizado não tem medo de nada. O
crime organizado campeia à vontade neste País. E o medo que assola as nossas
famílias, diariamente, isso sim é doloroso.
Portanto, minha cara Verª
Clênia, respeitosamente, é importante que se amplie a
discussão, é importante que se discuta. Assim como foi gasto tanto dinheiro
desnecessário, eu acho importante se aplicar algum dinheiro, sim, eu vejo com
bons olhos, será bom ouvir a opinião pública se é a favor ou contra a pena de morte.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir o
PLL nº 205/06, por cedência
de tempo da Verª Margarete
Moraes.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Vereadora-Presidenta
Maria Celeste, colegas Vereadores e demais pessoas que nos acompanham, sempre
que vem o Ver. Luiz Braz à tribuna a gente sabe que vai esquentar o debate, com
certeza, sejam argumentos verdadeiros ou não, mas o debate esquenta, não há
dúvida. E, às vezes, a direita, indignada com o avanço
que o País e o Governo estão tendo, decidiu, está escrito inclusive pela OAB do
Rio de Janeiro que há um movimento de tentativa de golpe ao Presidente, que não
se conformaram com a reeleição no segundo turno, com mais votos do que na
primeira vez. Inventou neste processo... Primeiro era a pista, era culpa do
Governo. Como isso está literalmente sendo desmontado, agora vem com a questão
da fiscalização e montam uma história com a Varig, uma empresa que foi falida
pela sua direção, que vivia fazendo festa e mais festa com caviar e por aí
afora e queria - uma entidade privada - que o Governo fizesse movimentos.
Inventou essa história. E, aí, falta fiscalização!
Eu vim à tribuna com o notebook
para mostrar. Eu gosto muito de navegar e buscar informações, Ver. Luiz Braz, e
vou dar para a Casa e para V. Exª os dados de acidentes com aviões da TAM de
2002 para trás, com o Governo de V. Exª Vou citar apenas alguns, porque são
dezenas e dezenas. E posso citar aqui: “Avião da TAM faz pouso forçado em
Alagoas” - meu Estado - “2002, Airbus da TAM
faz pouso de emergência em Corumbá; avião da TAM apresenta problemas na
decolagem em São Paulo e pouso no Rio; porta de avião abre durante o vôo, e
piloto retorna para o aeroporto, em 2002; pane da turbina assusta passageiro em
Teresina, no Piauí, em 2001”. E assim por diante, dezenas e dezenas, negando,
paulatinamente, a conversa fiada de Vossa Excelência. V. Exª tem que aceitar, parar de inventar história; a discussão aqui é
outra; foge do mérito, e sempre vem com “mensalão”.
Aliás, se tem uma pessoa que entende de “valerioduto”
aqui, é V. Exª, porque todo mundo sabe que quem inventou o “valerioduto”
se chama Senador Azeredo, Eduardo Azeredo, de Minas Gerais, do seu Partido, que
continua Senador. V. Exª deve ter feito um curso com ele. Vamos parar de
história, vamos trazer argumentos verdadeiros. Se é contra o Projeto da
Vereadora, tem que dizer, não procure desculpas para votar contra o Projeto da Verª Clênia. Aqui há pessoas
com mais honestidade: Ver. Bernardino, Ver. Elói, Ver. Goulart, eles têm uma
postura com a qual eu não concordo, mas foram honestos. V. Exª, por favor, vá buscar mais dados consistentes, não faça só discurso sem
paz e liberdade.
O Sr. Alceu Brasinha: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Guilherme Barbosa, o senhor sabe da
admiração que tenho por V. Exª e também gosto muito do Presidente Lula.
O SR. GUILHERME BARBOSA: É recíproco.
O Sr. Alceu Brasinha: Eu jamais
falo do Presidente Lula, mas quando V. Exª falou da Varig, eu penso que, se o
Presidente tivesse a grandeza de ter ajudado a Varig, esse caos aéreo, que
atrasa os horários - não é pelo acidente que aconteceu agora -, mas o caos
aéreo que vem atrasando os passageiros, a Varig sempre absorvia isso.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Mas quem é que
faliu a Varig?
O Sr. Alceu Brasinha: Eu tenho
certeza de que não foi o Presidente que faliu, mas se ele tivesse a grandeza,
poderia ter ajudado.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Quem faliu a
Varig foi a sua direção, numa crise que começou com o Governo Fernando Henrique
Cardoso, que não tinha obrigação nenhuma de ajudar a Varig, era uma empresa
privada. Eu acho interessante que o PSDB, o PFL, e agora o DEM, que defendem a
iniciativa privada, quando alguma empresa privada vai à falência, querem que o
Estado ajude. É uma contradição enorme. Então, não tem isso, nada; quem
privilegiou a TAM, a GOL e não sei quem, porque está provado aqui que, nos
últimos anos, se tomarmos os últimos 10 anos, a empresa TAM é a campeã de acidentes.
O problema com a GOL, que aconteceu agora não teve
nada a ver com o avião. Mas o problema da TAM, todos os grandes acidentes no
Brasil de 10 anos para cá é com a mesma empresa. E o que tem a ver José Dirceu
com isso? O que tem a ver o Presidente Lula com isso? Tem a ver uma empresa
ineficiente que não faz manutenção! Não tem fiscalização, agora? Ora, então,
não tinha antes. Vamos parar de fazer discurso vazio. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Apregoamos a Emenda nº 02 ao PLL nº 205/06, de autoria de vários Vereadores.
O Ver. João Antonio Dib
está com a palavra para discutir o PLL nº 205/06, por
cedência de tempo do Ver. Márcio Bins
Ely.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, eu já havia declarado - e vou repetir - que eu me absterei no
momento da votação. Mas, como sinto uma manobra para não votar hoje, eu preciso
falar agora. A minha abstenção será feita não porque eu seja favorável à pena
de morte, não porque eu tenha medo de dizer que sou favorável a que não haja a
pena de morte. Sou contra a pena de morte. E porque eu até tenho a certeza de
que no Brasil nunca vai haver pena de morte.
Mas o jornal Diário Gaúcho de ontem publica uma
série de coisas sobre os Vereadores desta Câmara Municipal. E destaca dois
Projetos, dizendo (Lê.): “Esses são legais. Já esses outros
dois - um deles, de minha autoria, que oficializa o Dia das Mães em
Porto Alegre - não é legal”. Só que a Câmara comemora há 34 anos, é oficial na
Câmara, não é no Município. Mas o Presidente Getúlio Vargas se dignou, em 1932,
ao assinar um Decreto Lei declarando o Dia das Mães como uma data a ser
comemorada no Brasil. O mesmo fez Dom Jaime de Barros Câmara, no Rio de
Janeiro, em 1946, quando colocou o Dia das Mães como a ser respeitado pelos
católicos. Porto Alegre foi a primeira Cidade a
comemorar o Dia das Mães, em 1918, pela ACM. É por isso que se tentou, se tenta oficializar, podem até não oficializar, que
eu não vou perder nada.
Mas eu tenho de dizer que eu tinha dois Projetos
da mais alta relevância, no meu entendimento, um com seis Pareceres favoráveis,
apresentado em 2005, que tratava do salário daqueles Vereadores que vão ser
Secretários e recebem pela Câmara. Foram seis Pareceres favoráveis ao Projeto
deste Vereador para que eles não recebessem pela Câmara. E o segundo Projeto,
de 2005 também, foi o Projeto de nº 8, com quatro
Pareceres favoráveis, dois contrários, o qual trata da substituição do
Prefeito. É claro que esses Projetos não têm
importância! Não têm importância! Nós vamos declarar o dia pela vida contra a
pena de morte. Dezesseis Vereadores falaram! Será que a matéria de substituição
do Prefeito, o pagamento de Vereadores-Secretários não tinha importância
nenhuma? Eu tenho todas as dúvidas do mundo.
Por isso, eu precisava registrar aqui, porque eu
vejo a manobra de não votar hoje. Então, eu tenho de agradecer ao meu amigo
Márcio Bins Ely, que se inscreveu para me dar a
oportunidade de colocar as coisas nos seus devidos lugares, porque é um
absurdo, dezesseis oradores para um assunto que nós sabemos que, no Brasil, não
vai acontecer! Nunca vai haver pena de morte no Brasil! Nunca vai haver pena de
morte no Brasil! A única vez que decretaram pena de morte foi durante o período
revolucionário e, mesmo assim, o Presidente da República comutou a pena de
morte. Ninguém foi morto neste País e ninguém vai ser morto pelos crimes mais
cruéis que cometam; não vai ser morto, porque o povo brasileiro não aceita a
pena de morte. Depois, os doutos já disseram, não fui eu, que, por ser uma
cláusula pétrea da Constituição, não pode haver pena de morte. Portanto, eu não
sei o que é que nós discutimos aqui. Até a vida do Presidente Lula, dos
Senadores, dos Deputados, dos “mensalões”, já foi discutida
num Projeto que declara o Dia de Luta pela Vida e Contra a Pena de Morte.
Agora, o Dia das Mães, vejam V. Exas., foi considerado como um Dia sem valor
nenhum. Tudo bem, é um direito de cada um fazer a sua análise. Eu o acho
importante, eu lastimo, só que eu não tenho a minha
mãe para comemorar com ela todos os dias, porque eu acho que todos os dias são
dias das mães. Mas, lastimavelmente, eu não a tenho; alguns Vereadores têm a
felicidade de terem as suas mães presentes. Então, a eles, o meu abraço, o meu
carinho, a minha solidariedade. Mas que eu não posso concordar com essas
coisas, eu não posso! Como eu disse, no início, eu daria quórum até o fim da
Sessão e, agora, eu quero ver votar.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Em votação, o Requerimento de autoria da Verª Clênia Maranhão, que solicita o adiamento, por uma Sessão,
da discussão do PLL nº 205/06. Antes, ouço o Ver.
João Antonio Dib.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidente, eu
sou um Vereador atento ao Regimento, e eu poderia fazer mais cinco minutos de
uso da palavra agora, para dizer que eu não concordo com a votação do
Requerimento. E eu teria argumentos suficientes para fazer um debate ao longo
desses cinco minutos, mas, como eu vejo a preocupação de alguns Vereadores -
não de todos, vamos esclarecer, pois a maioria faz que nem eu,
fica aqui -, eu não vou encaminhar a votação, mas eu voto
contrariamente, sem maiores preocupações.
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): V. Exª tem todo o direito de encaminhar a votação do
Requerimento que está sendo colocado em votação, se assim o desejar, como faz,
agora, a Verª Clênia Maranhão, que vai encaminhar a
votação do Requerimento, solicitando o adiamento da discussão do PLL nº 205/06.
A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar a
votação do Requerimento de sua autoria, solicitando o adiamento da discussão,
por uma Sessão, do PLL nº 205/06.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidente,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
são 18h30min, eu sei que nós estamos trabalhando há muitas horas, seguiremos
trabalhando o tempo que for necessário, mas eu achei importante que nós
adiássemos a discussão do PLL nº 205/06. Acho
importante e vou pedir aos Vereadores que votem favoravelmente a esse
Requerimento, porque eu estou pedindo o adiamento da discussão de um Projeto de
minha autoria, que procura fazer com que Porto Alegre se irmane numa rede
internacional da qual participam as mais importantes cidades do mundo, que é a
rede pela vida e contra a pena de morte. O Projeto de minha autoria trata
disso, de irmanar Porto Alegre numa rede internacional, sugerida pela
comunidade de Santo Egídio, de origem católica, italiana, para preservar a vida
de pessoas de vários países, muitas das quais são condenadas à morte por suas
características sexuais, por exemplo, ou por divergirem dos sistemas políticos,
dos governos ditatoriais dos seus países. É disso que trata o Projeto de minha
autoria: fazer com que Porto Alegre também comemore esta data, colocando-se,
assim, na rede internacional de pessoas que defendem a vida e são contra
aqueles que, muitas vezes, assassinam sem julgamento.
O adiamento é para que outras Bancadas,
além da do Ver. João Dib, que já encaminhou, possam fazer esse encaminhamento. Eu não acho que nós
perdemos tempo, eu acho que uma discussão com essas características é uma
discussão fundamental para ser feita por um Parlamento, porque nós somos
pessoas públicas, formadoras de opinião, temos responsabilidades com a
construção de conceitos civilizatórios.
Então, eu queria parabenizar
as Vereadoras que se colocaram favorável ao meu Projeto,
queria saudar as Vereadoras e os Vereadores que se colocaram contra o
Projeto, porque isso propiciou, nesta Casa, um debate político de alta
relevância, no momento em que a humanidade ainda não resolveu as questões da
barbárie, da intolerância, da xenofobia. Eu acho que todas as Bancadas
trabalharam muito nessa discussão; eu acho que é uma discussão complexa, é uma
discussão, inclusive, que mexe com valores íntimos das pessoas; eu respeito
todas as posições, acho que elas foram qualificadas e acho que elas foram
sinceras.
Eu, particularmente, sou contra a pena de morte,
e outros Vereadores são a favor. Isso é um Parlamento; parlamentos são espaços
diferenciados, pessoas que pensam diferente, senão não
seria um Parlamento. O Parlamento representa a cidade com os vários
pensamentos, com as várias posições que essa cidade tem. Acho que nós fizemos
um debate importante, um debate sobre a questão humana, um debate sobre
valores, e eu acho que nós estamos de parabéns. Eu espero não votar hoje, para
a gente poder continuar ouvindo mais intervenções e aprimorando este debate.
Muito obrigada, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, pela polêmica que aqui se travou na tarde de hoje.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Em votação nominal, solicitada pelo Ver. João Antonio Dib, o Requerimento de autoria da Verª
Clênia Maranhão, que solicita o adiamento por uma
Sessão da discussão do PLL nº 205/06. (Pausa.) (Após
a apuração nominal.) APROVADO por 19 votos SIM e 01 voto NÃO.
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. Nº 067/06 – (Proc. Nº
1877/06 – Ver. Elias Vidal e outros) – requer Moção de Apoio ao Movimento criado pela Federação Nacional dos
Clubes Sociais e Esportivos do Brasil em favor de uma lei federal de incentivo
ao esporte. (incluído em 12-04-06)
A SRA. PRESIDENTA
(Maria Celeste): Passamos à votação do Requerimento nº
067/06.
Há um Requerimento do Ver. Elias Vidal,
solicitando o adiamento da votação do Requerimento nº
067/06.
Em votação o Requerimento do Ver. Elias Vidal,
solicitando adiamento da votação por uma Sessão do Requerimento nº 067/06, de sua autoria. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) Sete votos SIM, 01 voto NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Não há quórum.
Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h37min.)
* * * * *